jeudi 16 juillet 2009

Praia da Claridade











Depois fomos até à praia com a sua famosa Torre do Relógio.
Fazia frio - era Outubro - não se avistava um único banhista. Apenas um escanzelado rafeiro vadiava triste e só, em busca de sabe Deus de quê!

Passeámos ao longo do mar e tirámos os sapatos para chapinharmos nas ondas que vinham mansamente morrer a nossos pés. Profírio voltara de novo a perder a voz e da sua boca não saía um único som. Só, raramente, um profundo suspiro. Delicadamente agarrei-lhe na mão e pedi-lhe que se abrisse comigo, que eu era um amigo, não um vizinho. Ele olhou-me intensamente mas a sua boca continuou hermeticamente calafetada!

Depois voltámos ao labirinto das estreitas ruas da Figueira. Parámos para ver algumas vitrinas. Falou-me então do seu gosto pelas camisas e gravatas e roupas garridas, que em Coimbra andava quase sempre de capa e batina, que gostaria de viver em Lisboa, que na Figueira não havia nenhuma vida nocturna, que estava farto da Figueira, que só no verão havia alguma animação!

Decidimos regressar a casa, onde o jantar já estava pronto e a mesa já posta. Comemos na casa de jantar com a mãe, que provou ser uma boa cozinheira, pois que a sua dobrada estava óptima! Profírio disse não gostar de tripas, que eram os intestinos do gado e que o gado estaria melhor a pastar lá fora nos prados que no seu prato! Aí as nossas almas fundiram-se uma na outra, fulminadas por essa lógica filosofia. Aquelas palavras eram o eco do que eu estava justamente pensando nesse mesmo momento. O meu grande amor pelos bichos, por tudo o que se move e luta pela sobrevivência. Um grande mal que eu acartava desde esses traumatizantes tempos do Sobreiro, quando da matança do porco do Pedro da Relva.

Fomos para a cama cedo, tomando em conta que eu tinha feito uma longa viagem e que me tinha levantado ao alvor do dia. Nessa noite dormi que nem uma pedra sobre aquele barulhento colchão de carapelas da água furtada. Da rua não vinha um único ruído. Era só a casa dele e a mercearia em frente e umas casotas de madeira onde, penso, vivia gente. Aquilo nem era uma rua, era como um pequeno largo onde se esqueceram de construir algumas casas à volta. Havia, do outro lado da estrada que continuava a ponte, algum casario, uma escola primária e uma minúscula Câmara Municipal, ao lado de um Centro da Cruz Vermelha. Nada de grandes tráfegos, nem um gato-pingado na rua!

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