mardi 7 juillet 2009

Reencontro com a Infância!










Talvez uma das histórias mais bonitas da minha já tão longa vida a abarrotar de inesquecíveis boas e más recordações, esta que vos vou contar agora, foi certamente a mais emocionante de todas elas!

Quando eu tinha quase oito anos, meus pais deixaram a Rua do Arco do Carvalhão e voltaram para o Sobreiro e eu tombei dos braços da Manóia e da Fernanda e fui para casa da minha tia Luzanira para ao menos acabar o meu primeiro ano de escola primária na Escola das Amoreiras, que ficava no mesmo prédio que a Capelista da tia Luzanira. As coisas correram mal com a tia Luzanira e os meus pais vieram-me buscar e levaram-me para os Salgados, ali entre o Sobreiro e Mafra, para onde eles entretanto se tinham mudado, e continuei os meus estudos em Mafra com o professor Mauro, que tanto amei.

Os anos foram passando e eu vivi em vários sítios do mundo.

Sessenta e seis anos depois, depois de ser embalado nos braços da Fernanda e Manóia, vou um dia a Sintra visitar o meu irmão Zé Manel. Falámos um pouco desses velhos tempos do Carvalhão. Claro que se falou da Capitoa, da Manóia, e da Fernanda. Pergunto-lhe que era feito delas e ele respondeu-me que a Capitoa já tinha falecido, e que a Manóia e a Fernanda tinham casa no Sobreiro. Perguntei aonde e ele responde-me que não sabia, mas que se eu fosse ao Sobreiro e perguntasse na Farmácia da Nelinha, mesmo ali ao lado da Casa da Brasileira, onde eu tinha nascido, ela talvez me pudesse informar.

Dou um salto ao Sobreiro e procuro a Farmácia da Nelinha. Entro e sou atendido por uma loira simpatiquíssima. Pergunto-lhe se ela conhecia a Manóia e a Fernanda. Ela respondeu-me que sim, que as conhecia muito bem!

Sabe onde elas moram?

Claro! - diz-me a Nelinha - aqui mesmo em frente! Basta atravessar a estrada!

Saí desarvorado pela porta fora e atravessei a estrada numa correria louca.

Ia sendo atropelado!

Olho na minha frente e vejo duas damas que tratavam do seu jardim.

Chego ao portão e indago a medo:

- Perdão! Conhecem a Manóia e a Fernanda?

A senhora mais velha olha-me muito intrigada e responde que ela era a Manóia!
Aproxima-se do portão, olha-me fixamente durante uns segundos, e pergunta-me quem eu era.

Comecei a falar do Arco do Carvalhão, da Capitoa, da casa da tia Arminda...

Ela dá um grito:

- Olha o Rogério!

Caímos nos braços um do outro!
Ela diz à outra senhora, a filha da Fernanda:

- Olha, Fátima, vai ver onde está a tua mãe.
Isto vai ser uma grande surpresa para ela!

Entrei com elas para dentro de casa e aparece-me a Fernanda pela minha frente.
Ela olha-me uns segundos, não fez qualquer pergunta, estica-me os seus braços e soluça:

- Ai o meu Rogério!

Nos braços um do outro chorámos lágriamas de ventura!
Foi, para ambos, estou certo, um dos dias mais felizes das nossas vidas!

Depois fomos para a sala, sentámo-nos num sofá e fizemos renascer esses belos tempos de quando eu era pequenino e adormecia ao colo da Fernanda...

Foi a infância que voltava até mim para me dizer que tinha valido a pena ter nascido!

Nesse mesmo momento, sentado no sofá entre as duas manas, apeteceu-me enroscar-me na Fernanda e voltar a adormecer nos seus braços!

Desde esse dia, continuamos com frequentes longas conversas ao telefone. Eu em Meudon, elas no Sobreiro!

Que bom ainda por cá andarmos!

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