Eu não ia muito carregado, apenas uma lancheira com dois pares de peúgas, umas cuecas, uma toalha, alguns lenços e um pijama.
Ao descer do comboio, Profírio recebeu-me de braços abertos e quase um beijo. Era evidente que ele estava radiante de me rever e de ter realizado um dos seus insólitos sonhos dos seus tempos de tropa em Mafra.
Muito cavalheiresco, pegou na minha pequena maleta e desculpou-se de não haverem camionetas da estação até Gala, que tínhamos de ir a pé! Isso não me inquietou particularmente, pois que tinha passado horas a fio sentado ao pé da minha janela, monotonamente vendo Portugal sucedendo-se ante os meus olhos, então ainda muito pouco viajados. Uma pequena caminhada só faria bem às minhas pernas um tanto entorpecidas pela inactividade de todo esse tempo à janela dum comboio, sem ninguém com quem conversar, falar da minha grande aventura, a minha primeira grande viagem de comboio.
À saída da porta da estação havia um velho calhambeque que aparentemente era o táxi lá do sítio. Ele perguntou-me se preferiria apanhar o táxi, mas que a caminhada era apenas atravessar a ponte! Preferi seguir a pé e descobrir aquele novo advento que se me deparava! Já não era só como ir do Café Estrela até aos Correios.
Pelo caminho ele pareceu-me um pouco mais palrador, menos introvertido, e não dissimulava o grande prazer que a minha presença lhe trazia!
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