Nessa noite, face à minha recusa de ser aquilo que os outros me acusavam de ser, resolvido a não viver uma vida que me tinha sido imposta pela traiçoeira Natureza, decidi dar volta ao meu destino, de ser eu a decidir, ser eu a fazer de mim o que eu achava mais justo, visto que, cativo da minha sexualidade, nunca poderia fundar uma família, ter uma descendência.
Abri a janela do meu quarto que dava para o castelo, subi para o telhado, preparando-me para o meu voo libertador quando, inesperadamente, oiça a inquieta voz do Jojo sussurrando me:
- Rogério, sai daí do telhado, podes cair lá em baixo. Anda, vamos conversar um bocadinho acerca dos teus problemas.
Voltei-me, olhei-o nos olhos suplicantes e assustados e obedeci. Bem no fundo, eu não queria saltar. Eu queria saltar, sim, mas nos braços do Mariano, esse meu Deus interdito.
Sentámo-nos no meu divã. Jojo pegou-me na mão e diz-me docemente:
- Rogério, nós viemos a este mundo para vivermos o nosso destino e tu tens a obrigação de viveres a sorte que Deus te deu, com toda a coragem e dignidade que se esconde lá muito fundo dentro de ti!
Anda, vamos à cozinha fazer um bom café e fumar uma boa cigarrada!
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