mercredi 15 juillet 2009

A Balbina














Mas quem era a Balbina? A Balbina era a filha do Capitão Balbino, um dos nossos clientes que vinha regularmente sentar-se a uma mesa ao pé da montra. Pedia-me sempre uma bica e ficava ali horas a folhear os jornais que eu comprava todas as manhãs na esquina do Sardinha.

A Balbina era uma mulher magnífica que todos os homens continuamente cortejavam. Tanto os cadetes como igualmente muitos dos mafrenses! Ela era um tanto soberba e quase que não olhava para ninguém! Era altiva e orgulhosa de ser quem era! Era divorciada e muito criticada pelo povo, para defender a sua dignidade refugiava-se por detrás da sua altivez! Ela vivia naquela casa amarela com barras azuis, uma grande porta da mesma cor, e duas janelas, uma de cada lado dessa porta que tanto chamava por mim.

Ela passava todos os dias à porta do Café Estrela. Eu sabia mais ou menos a que horas ela o fazia, regressando do mercado com as suas compras já feitas. Ela passava sem me olhar! Arrogante, ela caminhava como se fosse uma rainha!
Andava sempre muito bem vestida, saias apertadas com uma rachinha atrás a mostrarem um nadinha mais das suas belas pernas morenas, e camisolas de lã muito justas, ostensivamente a porem em evidência a opulência do seu avantajado busto! Eu seguia-a mudamente com os meus olhos extasiados toda aquela sua caminhada da esquina do Sardinha até ao Largo dos Correios, onde ela habitava, mas o meu pobre coração batia estrondosamente, como se quisesse acordar Mafra toda inteira!
Ouviam-se muitos boatos acerca dela, que ela andava metida com cadetes e tantas coisas mais! Eu ouvia todos esses rumores mas ouvia ainda muito mais alto o meu jovem coração a palpitar de loucos amores por ela! Essa mulher fascinava-me! Foi talvez o mais difícil período da minha vida. Procurava entender o que realmente se passava comigo e a minha sexualidade. Eu andava enfatuado com tantos cadetes, clientes do Estrela, que corriam atrás de mim no Café, na rua, e muito especialmente no Jardim do Cerco. Eram os cadetes que, sexualmente, eu desejava ardentemente, mas era por essa esplêndida mulher que eu andava loucamente apaixonado! Uma tremenda confusão se instalou na minha pobre cabeça a estoirar de interrogações. Que se passava comigo? Meu corpo fremia ao pensar na nudez dos formosos cadetes mas era por uma mulher deslumbrante que o meu coração batia desordenadamente!

Também me apaixonei muitas vezes por cadetes. Frequentemente andei simultaneamente apaixonado por ela e por um cadete, ao mesmo tempo. O que me perturbava era eu já perceber muito claramente que o meu corpo pedia-me corpos viris e o meu coração pedia-me aquela mulher extraordinária! Essa foi a mais destrutiva de todas as dúvidas que me rasgaram a alma!
Nunca ninguém nem nenhum Deus conseguiram dar-me ainda uma resposta concreta e definitiva a essa minha tão dolorosa questão! E assim viveria toda a minha longa vida devorado por esse implacável tormento!

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