Surpreendido e alarmado com tal súbita e violenta reacção, perguntei a mim mesmo por que razão não marcava ele encontro comigo no Jardim do Cerco para depois nos embrenharmos no denso matagal a esconder dos outros aquelas nossas rendidas lutas de corpo a corpo que a Natureza nos impunha, como tantos outros cadetes o tinham já feito:
“Rogério, esta tarde, por volta das quatro, no Pique-Nique?”
E eu nunca faltava! Eu lá estava no Pique-Nique, sentado, fumando o meu cigarro, à espera dos meus visitantes com botas até aos joelhos e braguilhas a rebentarem. Eu sabia que os buxos também lá estariam à nossa espera, sempre de boca aberta para nos tragar, nos engolir nas suas prudentes e recônditas moitas acolhedoras, labirínticos esconderijos, alcovas de tantos momentos de paixão para todos aqueles que dissimuladamente por lá tantas vezes se esgueiravam. Esgueiravam-se, esgueiram-se e sempre certamente se esgueirarão! Escravos desse apelo carnal, dessa maquiavélica astúcia da Natureza para infinitamente garantir a continuidade de todas as espécies, num infernal ciclo vicioso!
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