jeudi 16 juillet 2009

O pequeno almoço











De manhã fui acordado pelo Profírio que me veio trazer o pequeno-almoço numa bandeja. Era um púcaro de café preto e pão saloio com doce de tomate caseiro. Ele vestia apenas uma camisola interior e umas cuecas de chita bege com quadradinhos azuis e amarelos, que lhe tinha feito a sua mãe. Solto, dentro desses banais calções, algo de suspenso, de oscilante, que atraia a minha atenção como um íman desmesurado. Mistérios que eu tanto queria desvendar!

Ele sentou-se a meu lado e amparou-me a bandeja enquanto eu me regalava com o meu pequeno-almoço na cama, a primeira vez que tal coisa me acontecia na vida. Poucas palavras foram trocadas, mas uma vaga sensação de profundo desconforto pairava no ar. Penso que ambos estávamos mortos por cair nos braços um do outro mas nenhum de nós ousou dar o primeiro passo.

Depois ele saiu do quarto com o tabuleiro e, voltando-se ligeiramente para trás, disse-me que a casa de banho era lá em baixo no primeiro andar, que me arranjasse, que iríamos dar uma volta.

Preguiçosamente empurrei a roupa da cama. Com um bocejo assentei os pés nus sobre o pequeno tapete feito de tirinhas de pano, que decorava lindamente aquele soalho que, de joelhos, fora certamente copiosamente esfregado com sabão amarelo comprado na mercearia em frente.
Ergui-me, espreguicei-me sensualmente, abri a janela de par em par para arejar um pouco o quarto. Dei uma curta vista de olhos sobre Gala, que me pareceu não sei se ainda adormecida, se já morta. Nem uma viva alma! Mesmo a mercearia em frente ainda estava fechada!

Despachei-me, fiz a cama, arrumei as minhas coisas no pequeno armário ao pé da janela, vesti-me e desci para ir lavar a cara e os dentes, embora que na minha mansarda houvesse um lavatório com um sabonete, duas toalhas, um jarro com água e um pequeno espelho oval.
Ao chegar ao rés-do-chão, Profírio tinha-se já barbeado e penteado os seus loiros caracóis. Pacientemente aguardava-me sentado no degrau da escancarada porta de entrada que dava para o jardim. Quando me viu, levantou-se e disse-me que eu estava muito bem aperaltado. Ele também não tinha que se lamentar. Estava muito capitoso nas suas calças de ganga bastante justas, a evidenciarem as suas belas coxas e um generoso conteúdo perto da braguilha, que me davam mais vontade de o levar para a cama do que ir dar uma volta. Profírio pegou nas chaves e fomos pela porta fora à procura de um pouco mais da Figueira.

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