lundi 20 juillet 2009

O Deus do Olimpo
















Os dias passaram-se quase numa rotina, até que, uma noite, Jojo convidou os seus amigos para um copo em casa de seus pais, na tal casa de jantar com vista para as traseiras. Além do Jorge e da Encarnação, aparece-me, como uma visão divina, um rapaz encantador chamado Mariano, que dos pés à cabeça, era uma dádiva do Reino da Beza, ali a meus pés! Uma cara morena, barba cerrada com tons azulados que apetecia acariciar; olhos negros, devorantes, de vampiro sequiso de sangue fresco, que fizeram o meu sangue fervilhar ; lábios carnudos da cor de um incêndio que a minha boca queria apagar ; cabelos de azeviche, ondas revoltas, onde os meus dedos se queriam afogar ; brancas mãos de escultor que o meu corpo queria agarrar ; uma voz de veludo quente e macia que os meus tímpanos queriam aprisionar ; um corpo magnífico de estátua, Deus do Olimpo, Olimpo onde eu gostaria de imperar !

Em mim um alvoroço tal, como se as minhas mãos, algemadas atrás das costas por tradições absurdas duma sociedade a rebentar de convenções antiquadas, fossem como enormes pedregulhos lançados ao mar sem fundo da estupidez humana! Em mim um fogo incandescente que eu tinha de ocultar sob a minha burca, essa burca onde, desde pequeno, me escondia, para evitar as badaladas das más línguas, esse desporto preferido dos portugueses das terras pequenas. Isto quando os únicos passatempos das mulheres era tricotar, ouvir ridículas histórias da carochinha na Emissora Nacional, ou espreitar por detrás das cortinas, a ver o que os vizinhos faziam. Quanto aos homens, esses, era de ir para a taberna pagar rodadas de copos de três e alcovitar da vida dos outros, e gabarem-se das fodas que secalhar nunca tinham sido dadas!

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