lundi 20 juillet 2009

O regresso à Realidade












No caminho de regresso ao Parque, caminhámos sem trocar uma palavra. Olhos postos no chão, ambos tentando disfarçar uma frustração esmagadora.
Chegados ao Parque, retomámos as nossas cadeiras à volta da mesma mesa, e procurámos entrar no âmago da conversa muito agitada entre os que tínhamos deixado pouco antes. Impossível! A conversa não nos dizia nada. A batalha perdida tinha-nos invadido o corpo e a mente. Sentiamo-nos como enjeitados num pelourinho à espera do carrasco. O nosso único desejo era acabar algures esse malogro, de não termos vivido o nosso tórrido desejo até o pano caír! Súbito, o meu Deus do Olimpo ergue-se, diz até logo, e apressadamente põe os pés a caminho da vastidão.

Nessa noite não preguei olho. Na minha cabeça só via o Mariano e a sua boca em fogo, aquela imensa e ostensiva promessa irreprimivelmente emergindo-lhe das suas entranhas, como um guerreiro a espreitar das ameias, sem ousar transpor os fossos impostos por imposições medievais, entrincheirado por detrás de absurdas barricadas, sem coragem para as galagar e ir, navegando por esses mares fora, à conquista de outros continentes, à descoberta de outras belas paisagens que desde sempre aguardavam a sua triunfal chegada! Só consegui adormecer depois de longas carícias solitárias no meu corpo em alvoroço, que vieram macular a brancura do meu lenço de cambraia.

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