No caminho de regresso ao Parque, caminhámos sem trocar uma palavra. Olhos postos no chão, ambos tentando disfarçar uma frustração esmagadora.
Nessa noite não preguei olho. Na minha cabeça só via o Mariano e a sua boca em fogo, aquela imensa e ostensiva promessa irreprimivelmente emergindo-lhe das suas entranhas, como um guerreiro a espreitar das ameias, sem ousar transpor os fossos impostos por imposições medievais, entrincheirado por detrás de absurdas barricadas, sem coragem para as galagar e ir, navegando por esses mares fora, à conquista de outros continentes, à descoberta de outras belas paisagens que desde sempre aguardavam a sua triunfal chegada! Só consegui adormecer depois de longas carícias solitárias no meu corpo em alvoroço, que vieram macular a brancura do meu lenço de cambraia.
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