mercredi 29 juillet 2009

A mota do Roque

Roque começou então a ser um dos meus mais assíduos clientes. Fazia sempre questão de tomar as suas bebidas ao balcão, talvez, quem sabe, para estar mais perto de mim. Essa sua decisão de tomar as suas bebidas ao balcão, ali mesmo à mercê dos meus olhos ávidos dos seus, vinha mesmo ao encontro dos meus mais íntimos desejos de o ter perto, de sentir o seu bafo saindo suavemente daquela rubra boca, jazigo de escaldantes beijos ansiosos de ressuscitarem na minha boca já tão sedenta da sua.

Umas vezes essa boca não soltava uma palavra, outras vezes pedia-me informações sobre o que se fazia em Mafra, qual o dia a dia dos locais. Onde se podia ir, que fazer como escapadas à rotina do quartel e do Café Estrela. Falei-lhe dos passeios ao Jardim do Cerco; das grandes passeatas pela Tapada, ver os cavalos; ir ao cinema duas vezes por semana; ir até à Ericeira tomar um banho de mar. O banho de mar imediatamente incendiou o seu olhar. A Ericeira sim! Ele adorava o mar! Como lhe tinha dito que eu tinha quatro horas de folga da parte da tarde dia sim dia não, ele propôs-me partilhar comigo essas quatro horas. Concordei! Imediatamente ele me assegura que ele também tinha quase todas as tardes livres. Que tinha uma mota, que podíamos dar umas voltas pelos arredores. Que havia mais de singular a ser visitado nas redondezas? Falei-lhe do Sobreiro e das loiças do Franco, de Torres Vedras. Ele optou pelo Sobreiro como primeira fuga, pois que já tinha ouvido falar da olaria do Franco e das suas obras de arte na cerâmica. Quando lhe disse que eu tinha nascido no Sobreiro um largo sorriso lhe rasgou a cara toda. Ficou decidido que, depois de amanhã, iríamos ao Sobreiro!



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