mercredi 15 juillet 2009

A Esquina do Sardinha











O Café Estrela ficava mesmo ali ao pé da esquina do Sardinha e lá ia eu todas as manhãs comprar jornais para os clientes lerem. Comprava sempre o Diário de Notícias, o Século, o Primeiro de Janeiro e, aos sábados, o Século Ilustrado e o Modas e Bordados para a tia Laura. Claro que também comprava o meu idolatrado Mosquito todas as quartas feiras. O Tintin e o Cisco Kid continuavam a ser os meus louvados heróis, embora que o Tarzan não me deixasse indiferente, por andar sempre de tanga.
Os clientes apreciavam este tipo de serviço e passavam os jornais de mão em mão, de mesa a mesa. Haviam muitos mafrenses como clientela, mas haviam também muitos cadetes e cabos milicianos que nos vinham do quartel instalado no convento ali mesmo em frente. Tínhamos todos os dias a visita do senhor Eleutério, que trabalhava na loja do senhor Baptista, mesmo ao lado. Isto sem esquecer o senhor Beatriz que trabalhava nos escritórios do Sardinha. O Eleutério era um tipo banal, mas o senhor Beatriz era um sedutor que me acordava o corpo todo sempre que eu lhe servia um copo ao balcão.
Sempre que o Beatriz ia ao urinol eu habitualmente seguia-o, fingindo ter sido repentinamente tomado da mesma necessidade fisiolóca. Isto apenas para poder estar durante alguns momentos ao pé dele, só para ver e rever o que Deus lhe tinha entalado entre as pernas. Aquela avantajada dose de masculinidade que me fazia imaginar afrodisíacas orgias. Ele acariciava-a sensualmente com a ponta dos dedos, eu devorava-a avidamente com os olhos esbugalhados! Penso que ele certamente se apercebeu da minha aberrante curiosidade, indiscrição que ele prudentemente satisfazia.

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