mercredi 15 juillet 2009

Florbela Espanca














Havia cinema todas as quartas feiras e domingos. Eu ia ao cinema às quartas-feiras e o Carretas aos domingos. Por vezes trocávamos, por causa de algum filme muito especial que queríamos ver. As manas iam quando lhes apetecia ou quando os filmes lhes agradavam particularmente.
Além das idas ao cinema, as nossas saídas eram unicamente os passeios ao Jardim do Cerco ou as horas passadas na Biblioteca Municipal do Convento a ler. Era lá que eu ia todos os dias buscar um livro para ler no Café. Havia muito trabalho no Café mas entre as duas e as cinco da tarde tínhamos pouca clientela e eu aproveitava para ler ou fazer bonecos. Essa Biblioteca era dirigida pelo senhor Assunção, o que me tinha dado aquela fabulosa oportunidade de ver todos os filmes de borla e que depois também viria a ser o meu vizinho! Ele parecia apreciar muito a minha assiduidade e por vezes vinha ver que tipo de livros eu procurava e então propunha-me certos autores clássicos portugueses que o Mauro me tinha ensinado a amar. Ele enveredou-me muito particularmente pela poesia e biografias de grandes homens e grandes mulheres. Foi graças a ele que descobri Florbela Espanca e Fernando Pessoa. Florbela Espanca impressionou-me profundamente e foi ela que me fez descobrir a poesia e a estimular-me a seguir os seus passos. No primeiro soneto que escrevi, assim como todos os outros, sente-se nitidamente a sua influência no meu estilo. Em todos esses sonetos está bem patente a força que ela exerceu sobre mim.

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