lundi 20 juillet 2009

O Mercado e dias sempre iguais


Na manhã seguinte vivemos mais um dia rotineiro e, depois desse dia, alguns muitos outros mais.
O nosso dia a dia limitava-se às nossas idas à Esplanada tomar uma bebida, fumar alguns cigarros, falar de coisas corriqueiras, e frequentemente as nossas idas ao Mercado fazer as compras para a mãe do Jojo, que andava sempre muito atarefada com a sua máquina e costura, limpezas gerais, e tantas outras obrigações de uma boa dona de casa.
Irmos ao Mercado começou a ser, sem quase nos apercebermos, numa quase grande aventura matinal. Era, de um certo modo, quase como nos encontramos um pouco mais juntos. O Jojo nunca se manifestou sexual ou sentimentalmente, e eu compreendi que, afinal, ele não me desejava de modo algum. Talvez apenas algumas afinidades intelectuais. Nada mais!
Comecei a entrar perigosamente numa depressão incontrolável. Eu não compreendia aquela infernal atracção física pelo Mariano, que me possuía totalmente a despeito da sua grande retirada. Algo em mim me proibia de desejar outro homem. Eu era um homem e tinha de algum modo o dever de fundar uma família e ser como todos os demais! Eu sabia, pelos boatos que circulavam em Mafra, que ceder a outro homem era um vergonhoso pecado mortal.
Sobretudo não queria ser rejeitado por uma macabra Sociedade a estoirar de esmagadores preconceitos dos tempos da Raínha Santa!

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