jeudi 16 juillet 2009

O Café da montra














Depois do lanche fomos dar uma volta para eu conhecer Gala. Apresentou-me ao seu vizinho merceeiro, dizendo que eu era um amigo dele dos seus tempos da tropa em Mafra. O merceeiro, muito surpreendido, afavelmente pergunta: “Ah! Você é o tal senhor que me telefonou há dias? Atão como foi essa viagem? Tá a gostar de Gala? Gala não é nada de especial mas é bom viver aqui!

Após termo-nos despedido do merceeiro voltámos a atravessar a mesma ponte e fomos até ao centro da Figueira e entrámos num Café para tomar uma cerveja e petiscar uns tremoços.
Todo esse tempo sentados à mesa perto da montra desse Café, Profírio falou-me de Gala, onde tinha nascido e crescido, onde o pai tinha perecido num acidente de trabalho - que a mãe tinha decidido fazer luto carregado até um dia se juntar a ele na mesma campa - que tinha feito todos os seus estudos na Figueira e que, estes findos, tinha seguido para Coimbra, para cursar advocacia.
Pedi-lhe que me falasse de Coimbra. Coimbra era uma cidade que me fascinava! A sua Universidade, o Choupal, o Penedo da Saudade, o Mondego, as serenatas dos estudantes, coisas de que os cadetes em Mafra tanto me tinham falado. Após ter visto o filme Capas Negras, ainda mais me apaixonei por essa pitoresca cidade. Falei-lhe também das Repúblicas dos estudantes, da Queima das Fitas, das tricanas... Aproveitei a deixa para lhe perguntar se ele tinha namorada na Figueira ou em Coimbra. A lacónica resposta foi:
“nem em Coimbra nem na Figueira, que era ainda muito novo para pensar em casamento”!
Insisti dizendo-lhe que eu não estava a falar de casamento, que estava a falar de namoradas, miúdas com quem sair, dançar, fazer amor. Profírio baixou seus lindos olhos cor de mel e refugiou-se instantaneamente na sua habitual inacessibilidade.

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