mercredi 15 juillet 2009

Hotel Duarte











O Hotel Duarte que já não existe.
Agora é um moderno Banco ou lá o que aquilo possa ser! Muitos dos pontos em Mafra que me eram tão caros da minha infância e adolescência voaram no tempo que passa.

A minha passagem pelo Hotel Duarte em Mafra também foi bastante efémera. Sempre o mesmo problema: os animais!
O hotel estava nas mãos da proprietária e de sua filha. A madame Duarte só a vi uma ou duas vezes, era a filha quem mandava, a velhota já estava posta de parte.

Eu trabalhava na cozinha a ajudar a matrona, como lhe chamavam à cozinheira.
Ela era enorme, alta e larga, devia medir aí uns três metros quadrados pelo menos.

Eu fazia muitos recados e ajudava muito na cozinha a descascar batatas e outras coisas no género, mas o que eu mais gostava de fazer era o serviço de quartos. Ir levar bebidas e comida aos hóspedes pois que, duma forma geral, eles estavam à vontade, um tanto desabotoados, e isso despertava em mim aquela obcecante curiosidade de descobrir que misteriosos tesouros se encontrariam dissimulados naquelas sombrias cavernas que eu tanto gostaria de explorar.

Havia nesse hotel um pátio onde a cozinheira costumava ir despejar os restos de comida para os pássaros e as ratazanas que por lá deambulavam o dia todo à cata de iguarias. Os hóspedes podiam observar esse espectáculo das janelas dos seus quartos. Um dia um deles queixou-se à proprietária e a cozinheira foi despedida.
Logo no dia seguinte chegou um tipo vestido de ganga com um apetrecho muito esquisito às costas . Perguntei-lhe o que tinha vindo fazer e ele respondeu-me que tinha vindo para matar a rataria toda.

Não me despedi dele nem da madame Duarte. Agarrei nos trapos que tinha em cima do meu colchão no chão lá no sótão e voltei para o Poço do Rei a bater com os calcanhares no rabo.

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire