O Hotel Duarte que já não existe.
A minha passagem pelo Hotel Duarte em Mafra também foi bastante efémera. Sempre o mesmo problema: os animais!
Eu trabalhava na cozinha a ajudar a matrona, como lhe chamavam à cozinheira.
Eu fazia muitos recados e ajudava muito na cozinha a descascar batatas e outras coisas no género, mas o que eu mais gostava de fazer era o serviço de quartos. Ir levar bebidas e comida aos hóspedes pois que, duma forma geral, eles estavam à vontade, um tanto desabotoados, e isso despertava em mim aquela obcecante curiosidade de descobrir que misteriosos tesouros se encontrariam dissimulados naquelas sombrias cavernas que eu tanto gostaria de explorar.
Havia nesse hotel um pátio onde a cozinheira costumava ir despejar os restos de comida para os pássaros e as ratazanas que por lá deambulavam o dia todo à cata de iguarias. Os hóspedes podiam observar esse espectáculo das janelas dos seus quartos. Um dia um deles queixou-se à proprietária e a cozinheira foi despedida.
Não me despedi dele nem da madame Duarte. Agarrei nos trapos que tinha em cima do meu colchão no chão lá no sótão e voltei para o Poço do Rei a bater com os calcanhares no rabo.
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