lundi 14 septembre 2009

The Show













Essa noite no Chadar Ha’óchel, a festa de despedida do meu curso, foi inolvidável! Todos nós vestimos as nossas melhores indumentárias, penteámo-nos muito bem penteadinhos, um pouco de Nívea na cara, um pouco de lápis nas sobrancelhas e, todos perfumados, lá fomos para a festa. Eu fui com o Gerry e combinámos os dois falarmos das nossas impressões sobre o Kibbutz e da nossa estadia. Gerry falava bastante mal o Hebraico, mas isso até lhe dava um certo charme. Chegámos lá às 21 horas, como programado, e encontrámos um pequeno palco com uma mesa e duas cadeiras. Haviam umas mesas com petiscos e bebidas e filas de cadeiras frente ao palco para os kibutzniquim se sentarem para ver o espectáculo.

À hora prevista a Ruti subiu ao palco e anunciou que todos os seus alunos iriam fazer algumas demonstrações do que tinham aprendido em Beit Hashitá. Anunciou o primeiro – não recordo quem – e depois vieram todos os outros. Uns cantaram cantigas e danças dos seus países de origem, outros fizeram pequenos discursos.

Quando chegou a minha vez, eu e o Gerry subimos ao palco, sentámo-nos àquela pequena mesa e, como combinado de antecedência, em Hebraico, discutimos entre nós dois, como se não houvesse mais ninguém nas redondezas, do que pensávamos do Kibbutz, dos seus prós e contras, de coisas boas e más com que Beit Hashitá nos tinha surpreendido. Isto tudo improvisado. Fumámos, confiámo-nos um ao outro. Falámos da beleza natural da região, da imponência do perfil da montanha Gilboa, dos pôr-do-sol, das noites de luar, da lama no Inverno, das brisas ao anoitecer, do mugir das vacas durante a noite, do palheiro, das apanhas da azeitona, da comida, das pessoas, das lições de humanidade que em Beit Hashitá tínhamos aprendido.

Depois falámos dos nossos projectos de futuro em Israel, se ficávamos ou regressávamos aos nossos países, e falámos dos encantos e desencantos dos ditos. Acabámos por falar em poesia e dos poetas mais pródigos das nossas terras. Eu disse que escrevia versos e que já tinha escrito alguns em Hebraico. Como por coincidência eu tinha-os no meu bolso. Li-lhe os meus versos e, para acabar, levantei-me, deixei o Gerry sentado, dirigi-me ao público e recitei um pequeno poema que eu tinha feito a Beit Hashitá, pondo em destaque o amor que eu lhe tinha (e tenho)!

Obtive uma grande salva de palmas e alguns dos espectadores vieram dar-me os parabéns pelo meu talento, se eu tinha feito teatro no meu país. Disse que tinha começado mas que tinha deixado tudo para trás por amor a Israel. Uma senhora sugere que eu devia ir para Tel Aviv e tentar a sorte no teatro nessa cidade.

Depois da festa terminada cada qual seguiu rumo a suas casas e eu e o Gerry fomos respirar um pouco de ar e contemplar o esplêndido espectáculo do perfil da Gilboa na noite luarenta. Passo a passo os nossos pés levaram-nos até ao palheiro. As vacas remoíam e os nossos desejos também. Sentámo-nos na palha. Acendi um cigarro e Gerry fala-me dos perigos de fumar num palheiro, mas o pior perigo de incêndio já se tinha declarado nos nossos corpos jovens a rebentarem de seiva escaldante e quase triunfal!

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