jeudi 17 septembre 2009

"El-Al" - Ida e volta!









Dias depois embarco num avião “El-Al” e, depois de seis horas de viagem sem poder fumar, e ter comido uma sandes de merda, chego ao Aeroporto Ben Gurion em Tel Aviv.
Yvonne estava lá à minha espera com o seu carro e abre-me os seus braços e as portas do seu belo apartamento em Ramat Gan, e dá-me guarida na sua casa e no seu coração por esses alguns dias que lá passaria.

Chegados a casa, depois de uma boa noite de sono profundo, levanto-me com a alegria duma quase certeza de que tudo se ia arranjar para finalmente obter os meus papéis necessários para poder voltar para Israel e acabar lá os meus dias!

Acordei estremunhado. A Yvonne não estava, já tinha ido trabalhar. Tomo um café e uma pita e agarro no telefone – o número estava inscrito sobre o envelope que recebera do senhor Consul – e peço para falar com Senhora Etti Sharon. Uma voz feminina friamente me diz que essa senhora tinha partido um braço e que estava hospitalizada, e deu-me um “rendez-vous” com uma outra senhora que tinha tomado temporariamente o seu lugar, para que eu pudesse ser recebido nesse Ministério!

Chegada essa data, pego num autocarro e depois de duas horas de engarrafamentos por essa estrada fora, subo os poucos degraus que separam esse Grande Ministério dessa pequena rua onde no passado eu tinha vivido tantas belas aventuras. Chegado lá acima sou recebido por um porteiro mal-encarado ao qual entreguei essa carta que me tinha sido dada em Paris. Ele olha e diz-me que a Senhora Dona Etti estava hospitalizada, mas que ia chamar a sua substituta.

Essa sua substituta era uma senhora muito amável que, realmente, através da Internet, procurou encontrar o paradeiro da Miriam. Uma vez mais, sem o nome de família do marido, nada podia ser feito. Entretanto a Senhora Dona Etti Sharon aparece-nos de repente à porta. Somos apresentados. Não pude apertar-lhe a mão porque ela tinha o braço direito ao peito, nem dar-lhe um beijo pois que ela tinha uma cara de carrasco à beira dum pelourinho. Limitei-me a um discreto amedrontado sorriso de quem implora piedade. Ela não tinha a arrogância ser a Senhora Dona de Israel, tinha a arrogância de ser a Senhora Dona do Mundo Inteiro!

Ela convida-me a um escritório ao lado, lê a carta e diz-me muito secamente!

- Você não é Judeu, não tem quaisquer direitos de se instalar em Israel!

Falei-lhe da história do meu pai ter perdido o seu emprego em Lisboa, em 1942, por ter dado demasiadas Visas a Judeus foragidos do Nazismo. Ela pediu-me o nome do meu pai, dizendo que iriam fazer um inquérito, e que se fosse verdade o nome do meu pai seria gravado na placa do Yad Va’shem! Respondi-lhe que preferiria o meu nome num Passaporte Israelita, ao nome do meu pai em Yad Va’Shem! Que o meu pai já não precisava de favores de ninguém! E saí batendo com a porta. Ao descer a escadaria disse alto e bom som:

- Que pena não teres partido ambos os braços e ambas as pernas, grandecíssima vaca!

Estou certo que, nesse caso, ela nunca teria tido a força e a coragem de Nick Vujicic!

Eu também precisaria, a partir desse momento, toda a coragem e dignidade, para continuar a lutar por aquilo que eu sempre julguei ser o meu pleno direito:

Viver e morrer no país que amo!

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