lundi 14 septembre 2009

Nos Olivais













Os dias foram correndo e as noites também. A rotina era quase sempre a mesma: Acordados às seis da manhã, Chadar ha’óchel, pequeno-almoço, e o tractor que nos levaria até aos campos onde nos seriam atribuídas as nossas funções desse dia até ao meio-dia. Uma manhã o trabalho era nos olivais de Beit Hashitá. Como ordenado, trepei a uma oliveira com o Guershon e depenámo-la de todas as suas belas e gordas azeitona muito pretas para cima da grande lona aberta a seus pés.

Na oliveira ao lado estavam empoleirados o tal casal já de uma certa idade. Eles eram romenos e tinham sido cantores de ópera em Bucareste. Cantavam como grandes sopranos e tenores que tinham sido, a ópera de Puccini, Madame Butterfly, que eu tinha ouvido e amado tantas e tantas vezes no Cinema Avis em Lisboa, ali no Arco do Cego, e eu deixei de trabalhar para os escutar. Foi uma gloriosa manhã de sol! Inesquecíveis momentos por mim vividos nesta longa vida de esplendores e negrumes de grutas virgens nunca penetradas. Seguramente que nessa manhã de sol abrasador muitas azeitonas ficaram por colher, que viriam a cair de mortas sem nunca terem dado azeite a ninguém!

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