jeudi 24 septembre 2009

O Sing-Sing









Ela convida-me a segui-la até ao seu gabinete. Aí ela explica-me que ia por-me a partilhar um pequeno apartamento lá em cima, no Sing-Sing, um acabado de ser erigido bloco de apartamentos onde, aparentemente, alojavam todo o pessoal do hotel. Ela encontrou apenas uma vaga a partilhar com o “night-auditor”. Foi à procura do chófer da casa, aquele Tzvika que me tinha conduzido do aeroporto, que nos levou até ao Sing-Sing. Durante o caminho ela explicou-me que era o apartamento do “night-auditor” e que a essas horas ele devia estar a dormir para começar o seu turno às onze da noite.

Ela bate docemente com as nozes dos dedos naquela porta naquele rés-de-chão. Ninguém repondeu. Ela insiste - que ele certamente estava muito ferrado no sono - e continuou a batucada. Subitamente ouve-se uma voz rouca, muito irada, a pragujar por detrás dessa muda porta. Alguém abre uma greta da porta e vocifera:

- Que raio de vida, nem se pode dormir nesta casa?

Ela explica-lhe que eu era o outro night-auditor que vinha trabalhar sob as suas ordens. Ele olhou-me, reconheceu-me, e atira à queima-roupa que não queria hóspedes lá em casa! Ela insiste, que seria apenas por uma noite, que depois ela me arranjaria outro quarto para mim. Ele concorda, mas “só uma noite”! Eu entro e a house-keeper volta para o carro do Zvika.

Quem assim falara fora alguém a quem muito queria! O Miki! Ele, o meu querido Miki, volta para a sua cama para dormir até às dez da noite, para pegar o serviço às onze horas. Eu fiquei chocadíssimo com a sua atitude. Nós éramos já amigos de longa data e recebia-me assim tão mal? Que bicho lhe lhe teria mordido?

Como nessa casa de entrada haviam duas camas, escolhi uma delas e meti a minha mala debaixo da dita. Não sabia realmente o que fazer. O comportamento do Miki tinha-me magoado profundamente no meu orgulho e sobretudo naquela indiferença à nossa velha amizade! Deitei-me sobre a cama sem abrir a mala e organizar-me, pois que, para meu grande amargor, o Miki não me queria lá em casa! Tive vontade chorar mas retive as minhas lágrimas. Deitei-me sobre a minha cama indagando que se teria passado com o Miki para, subitamente, jão não apreciar a minha companhia?

Momentos depois, arrastando os pés pesadamente sobre os ladrilhos, Miki vem ter comigo, senta-se na borda da minha cama, e começa, gaguejando, a tentar explicar-me a situação. Ele recua no tempo para me por ao corrente do que se passava na sua cabeça. Que era um escravo que os outros pensavam e diziam. Que tinha compreendido que eu não era como ele de muitas maneiras, muito especialmente, sexualmente. Que tinha andado a enrabar o panasca do turco nas suas barbas, e que começara a correr um boato muito sério acerca da minha sexualidade. Não queria que, pelo facto de partilhar o seu apartameneto comigo, começassem a badalar que secalhar eu ia para a cama com ele ou vice-versa! Depois, pousando uma das uas mãos sobre a minha coxa, diz-me, ternamente:

- Instala-te, caralho! Promete-me unicamente não trazer gajos cá p’ra casa. Se quiseres foder, vai foder lá para pó Deserto! Descança umas horitas e depois vamos trabalhar para a nossa primeira noite de contas correntes. Tu não és parvo nenhum e rapidamente vais poder tomar o meu lugar. Eu quero começar a fazer os turnos diurnos! Tou farto de fazer de toupeira! Até já! Dorme! Depois jantamos no hotel antes de começarmos a fuçar!

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