mardi 15 septembre 2009

O Kikar Dizengoff desses tempos












De manhã cedo fui acordado pelos passarinhos. Levantei-me, fiz a barba e tomei um duche, vesti-me mais à moda de Tel Aviv, uns calções cinzentos muito curtos que a minha mãe me tinha feito quando das minhas idas de Mafra à Ericeira para uma banhoca, pus uma T-shirt azul e umas sandálias ainda daquelas feitas pelo Passos, em Mafra, e fui tomar o meu pequeno almoço ao Café lá em baixo.

Ao entrar, o empregado ao ver-me vestido daquela maneira, surpreendido, olhou-me durante uns segundos, e os seus olhos enviaram-me algumas faíscas. Desta vez era ele quem não podia tirar os olhos as minhas coxas. Nessa altura tinha um corpo jovem e bem modelado, e umas pernas muito bronzeadas que até eu próprio achava muito recomendáveis.

O empregado perguntou-me se eu era novo ali no sítio e eu respondi-lhe que eu era novo dos pés à cabeça. Ele achou graça e perguntou-me onde morava e qual era o meu nome. Disse-lhe que morava ali naquela casa ao lado e que me chamava Ruben, o nome que a Ruti me tinha dado no Kibbutz. Ele disse-me que se chamava Joachim e pergunta-me o que é que queria tomar. Disse-lhe a mesma coisa que me trouxe ontem, mas não ousei perguntar-lhe onde é que ele morava. Nunca cheguei a saber onde ele habitava. Também não foi preciso, bastou-lhe começar a subir ao meu terceiro-andar tomar o pequeno almoço comigo antes de abrir o Café, com pitas e Humus que ele trazia do padeiro antes de subir.

Vendi “glidas” (gelados) durante algum tempo. O meu salário dava para as despesas e assim não precisava das ajudas do Zé. Como ele me disse um dia, eu era muito desenrascado, e que ninguém tivesse penna de mim!

A minha rotina começou a tornar-se bastante agradável. Trabalhava do meio-dia até à meia-noite, mas mesmo assim tinha tempo de explorar as capacidades orgásticas do Joachim! Ele era realmente um danado por isso. As pitas matinais tinham de ser ingeridas à pressa e muita vez o Café abria mais tarde do que o costume. Ele era um vulcão que jorrava a sua lava várias vezes de seguida. Ele era um Vesúvio permanente. Jorrava até Pompei! Não era apenas uma vez todos os cem anos!

Comecei realmente a gozar e a amar a vida, até o dia em que recebi um postal da Miriam a dizer-me que viria visitar-me no próximo fim de semana, dia tal. Que tinha a minha morada, que eu estivesse em casa. Mas como eu trabalhava afincadamente, mais do que nunca, nos fins de semana na minha Gelataria, enviei-lhe um telegrama dizendo que se eu não estivesse em casa que lhe deixaria as chaves num pequeno Café mesmo ao lado, nas mãos do senhor Joachim. Esse dia depressa chegou. Pedi ao patrão, a quem eu chamava o senhor Strombolli, para sair mais cedo. Ele acedeu, e quando cheguei a casa Miriam já estava à minha espera na varanda. Nessa noite não havia jantar em casa, fomos jantar a Tel Aviv a um pequeno restaurante sobre a costa. Demos um grande passeio e depois tivemos de apanhar o último autocarro para Givataim.

Chegados a casa fomos para a cama maritalmente contentes da vida. No outro dia fui trabalhar para a gelataria como habitualmente e ela acompanhou-me. Depois, penso, ela deu uma volta por Tel Aviv e depois regressou a Beit Hashita.

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