vendredi 18 septembre 2009
O Mar como Testemunha
Dias depois - eu, a Miriam, e o Pat - fomos dar uma volta até à praia do Sharon, aquela que albergava, lá ao fundo, Apolónia! Lá onde eu tinha querido estar a sós com a Miriam para lhe fazer essa tão delicada pergunta! Porém, por comodidade, decidimos irmo-nos sentar na esplanada da praia. Nessa esplanada escolhi uma mesa recatada e pedi ao Pat que fosse dar uma volta, tirar fotografias daquela linda praia onde eu tinha vivido tantas já tão saudosas manhãs ensolaradas. O Pat estava ao corrente dos meus planos e lá seguiu sem que eu tivesse de insistir.
Quando nos encontrámos a sós, com uma bebida sobre a mesa para nos matar a sede - matar também, talvez, as minhas dilacerantes dúvidas - cuidadosamente, procurando não ocasionar nenhumas situações pouco confortáveis para ambos, delicadamente contei-lhe a história da minha ida ao Kibbutz em busca dela. Que ela tinha desaparecido do mapa sem ter deixado nenhuns vestígios, que a tal senhora do Secretariado me tinha dado aquela informação que viria a convulsionar esses 47 anos que nos separaram.
A essa pergunta, ela respondeu-me - a medo - que o seu filho era do seu marido. Quando lhe falei da sua preocupação - em Givataim - de talvez estar grávida, disse-me que tinha abortado! Penso, para fazer a vontade à sua família na Holanda, pois que com a sua família em Israel haviam poucos contactos. O problema era que, respeitando a pureza da raça Judaica, ter um filho dum goy seria uma ignomia!
Depois deste difícil confronto, ainda voltámos aquelas belas montanhas que souberam alojarem-se na minha pequenez. Desta vez passámos lá a noite. Como o seu filho tinha viajado ao estrangeiro, foi-me oferecida a sua cama. Nessa noite tive a estranha ilusória sensação de ter dormido a seu lado, com ele nos meus braços, de o ter embalado. Tive vontade de roubar uma peça do seu vestuário para comigo religiosamente guardar como um pouco dele sempre ao meu alcance, mas não ousei. Tive medo de fazer uma obsessão que destruísse o meu equilíbrio psicológico ainda mais seriamente.
Mas trouxe-o comigo na minha mente, na minha pele, no meu coração, na minha vida, na minha já tão imensa saudade!
Apanhei o avião dois dias mais tarde, depois de um jantar em casa da Miriam na companhia do seu marido. Para chegar ao Aeroporto tive de recorrer a um táxi. Era óbvio que a Miriam gostaria de nos ter acompanhado, mas perante o marido, talvez tenha achado melhor não o fazer. À despedida, já à porta do táxi, dei-lhe um beijo e claramente senti que era a última vez qua nos víamos.
De volta a Meudon decidi por um ponto final no assunto! Esquecer todas as minhas dúvidas e viver o resto da minha vida acatando aquela estranha mensagem de Deus, aquele relâmpago sobre aquelas belas montanhas iluminadas nessa noite de trovoada...
Só, - ou com Deus - decidi continuar a escrever as minhas memórias e a viver o meu Passado.
Como me disse a um dia a Carmen Dolores, fazer do Passado Presente.
E talvez, quem sabe? Ainda um pouco de Futuro!
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