jeudi 17 septembre 2009
Consulado de Israel - Paris
Muitos, muitos anos mais tarde, em Paris, vou ao Consulado de Israel indagar como voltar definitivamente para Israel. Era lá o meu país de adopção, era lá que, talvez, o meu filho e, quem sabe, os meus netos, respiravam o ar puro de alguma montanha.
A jovem que me atendeu ao guichet confessou-se muito impressionada com a minha narrativa, que ia ver o que se podia fazer, que deixasse o meu nome e morada, que mais tarde seria contactado.
Dizendo isto, empurrou-me, uma folha de papel e uma caneta, sobre a qual escrevi o meu nome e morada.
Depois, num arrebate, escrevi:
אני רוצה את הבן שלי
Ela olha para mim com um ar surpreendido? Comovido? Preocupado? Agarrando nessa folha de papel, ela diz-me:
“Volto já!”
E desapareceu por por detrás duma porta frente ao guichet!
Longos momentos depois ela regressa seguida de um senhor muito distinto - o Cônsul - que me pede para contar-lhe pessoalmente toda essa minha odisseia.
Conto-lhe novamente tudo tim-tim por tim-tim – em Hebraico! Ele não emitiu uma só palavra. A única coisa que disse foi à jovem funcionária que o siguisse!
Ela faz-me um pequeno sinal, dizendo-me:
Aguarde!
Aguardei e, alguns minutos depois, ela volta com um envelope, sobre o qual um nome e uma morada:
“Senhora Dona Etti Sharon – Ministério do Interior -Jerusalém!”
Ao entregar-me esse envelope a jovem explica-me que essa senhora era a única pessoa que, em Israel, poderia regularizar a minha situação e dar-me os papéis necessários para que eu pudesse instalar-me definitivamente nesse país que tanto amo.
Saí do Consulado com uma esperança infinita no futuro e realização dum grande sonho, do pagamento de uma promessa, quando, um dia, ao ser julgado pelo Tribunal de Tel Aviv, o Juiz, muito circunspectamente me diz:
“Tem três meses para deixar o País!”
Levantei-me bruscamente respondi:
- Adoni ha’shofét! Noládeti be’Portugal be’mikré! Ani amut ba’aretz be’chavaná!
- Senhor Juiz! Nasci em Portugal por acaso, morrerei em Israel de propósito!
Esta minha frase fez os cabeçalhos de três jornais Israelitas na manhã seguinte!
De regresso a casa, sentado no meu banco de madeira dessa terceira classe do Metro bem “grafitado”, como o envelope não estava colado, abri-o alvoroçadamente e li, em Hebraico, que o senhor Consul pedia, em nome pessoal, a essa poderosa Dona Etti Sharon, que me concedesse os meus papéis, que eu era um “caso muito especial!
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