vendredi 18 septembre 2009
Conversa com Deus
Passámos uma tarde juntos pouco íntima, talvez por causa da presença de alguém que me gostaria de ver pelas costas. Jantámos. Ela é uma excelente cozinheira! Depois do jantar foi levar-me a casa, em Herzelia.
Durante duas semanas encontrávamo-nos todos os dias. Fomos a imensos lugares que me eram caros. Lugares tais como Apollonia, Yafo, e tantos outros! Um dia ela leva-me a casa da sua filha, uma mulher um tanto reservada, mas com a qual imediatamente simpatizei! Eles tinham uma bela casa em Salit, ali nas montanhas, nos Terrirórios cupados. Lá em baixo, ao longe, uma cidade palestiniana me acenava.
Jantámos ao ar livre, no jardim das traseiras que dava para esse imenso vale. Foi o marido de sua filha - um homem muito cordeal que me fez sentir muito bem-vindo - quem nos fez um fausto e delicioso churrasco. Foi uma noite que me ficará na memória até ao meu último suspiro.
O filho dela também veio com os seus três netos. Quando fomos apresentados tive de me reter para não lhe cair nos braços e dar-lhe um beijo tão longo como 47 anos!
Ele realmente não se parecia mesmo nada comigo. De facto parecia-se muito mais com o marido da Miriam. A certa altura do jantar digo-lhe que ele se parecia muito com o seu pai. A Miriam teve uma reacção negativa, dizendo que ele se parecia com ela, que ela tinha corrigido cirurgicamente o seu nariz, e que por essa razão agora se parecia menos com ela. O seu marido, ao ouvir-me falar das suas semelhanças com ele, disse alto e bom som que ele não era filho dele, que ele era o seu filho adoptivo, que quem se parecia muito com ele, que tinha a sua cara, era a sua filha!
Apaixonei-me por toda essa família encantadora que era a família da Miriam, exceptuando o seu marido que, evidente, detestava a minha presença! Mas bem no âmago, o caracter e a personalidade do seu filho, toda aquela sua exuberância, eram muito mais como eu do que com o resto da família! Ele perguntou-me abertamente – como eu sempre o faço – porque tinha eu escolhido a homsexulidade? Respondi-lhe que a sexualidade não somos nós que a escolhemos, é ela quem nos escolhe a nós! A sexualidade é algo que nos é imposto!
Aí ele calou-se!
Terminado o jantar levantei-me e fui fumar um cigarro encostado ao muro do quintal para me deleitar com aquela deslumbrante noite de luar sobre as montanhas alagadas dum silêncio que se ouvia lá ao longe. Olhei o céu e vi milhares de estrelas cintilando, como se estivessem a cintilar só para mim!. Lá em baixo, nessa cidade palestiniana, as iluminações públicas tremeluzavam como velas acesas, sopradas suavemente pela brisa.
Nessa noite, eu e essas montanhas, casámo-nos perante Deus!
Fixo aquele céu pejado de estrelas, aquela lua do tamanho do mundo, ergo os meus olhos para além do infinito e pergunto:
- Deus! Procura um meio de responderes a esta minha angustiante pergunta que há tantos anos me atormenta! Se ele é meu filho, faz-me um sinal!
Ao inquerir Deus e a noite, repentinamente um corisco rasga os céus de alto abaixo!
Os relâmpagos iluminavam o vale, as montanhas, e a noite toda à nossa volta. Parecia que era Deus que respondia à minha pergunta! Aceitei esse inesperado relâmpago como uma resposta, uma dádiva de Deus, uma dádiva dos céus...
Mesmo que ele não seja meu filho, é filho de Deus, esse Deus que, talvez nessa noite, tivesse querido falar comigo!
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