dimanche 20 septembre 2009
O belo Desconhecido
Outra grande recordação desses tempos do Tadmor foi um dia eu notar um senhor muito distinto, muito loiro, sentado no seu pequeno descapotável, ao lado de um enorme cão. Não era a primeira vez que ali o via sentado, talvez esperando alguém. Talvez o Messias?
Uma tarde, quando pus os pés a caminho da praia, esse senhor muito distinto começou a seguir-me e, a páginas tantas, oferece-me uma boleia. Intrigado, aceitei! Chegados à praia eu desço e agradeço, mas ele retem-me, dizendo que detestava a praia, porque não viria eu tomar um whisky em sua casa em Tel Aviv. Mais uma vez, curioso, acedi, pois que gostava de saber o que aquele senhor muito distinto sentado ao lado do seu belo cão num desacpotável de luxo, fazia ali parado em frente da porta da Pnimiá. Talvez inundando os seus belos olhos azuis claros, de pestanas doiradas, naqueles belos jovens alunos que de lá saíam e entravam a todo o momento? Tal Sherlock Holmes, decidi investigar.
Ele morava na Dizengoff num prédio de três andares. Subimos a pé até ao último piso e quando ele abre a porta para me deixar passar, cai-me a casa em cima! Ele vivia num grande apartamento luxuosamente mobilado e tinha um vasto terraço com uma vista espectacular sobre Tel Aviv. Esse terraço tinha uma grande mesa com um pára-sol e quatro cadeiras e plantas gigantescas à volta dos muros. Haviam também duas cadeiras de reposo generosamente almofadadas. Kadish, o seu belo cão de raça, pareceu adoptar-me totalmente sem a menor resistência. Talvez já estivesse habituado a belos intrusos na ostentosa moradia do seu belo dono. Deitou-se a meus pés e ali ficou tranquilamente, abanando-me a cauda sempre que me olhava nos olhos. Como sempre gostei de animais, uma espécie de ternura nasceu entre nós.
Tomámos um whisky sob o pára-sol e conversámos bastante. Ele queria saber tudo a respeito da minha jovem pessoa ali sentado na sua frente, pernas desfraldadas ao vento. Em Israel, nesses tempos, a primeira coisa que queriam logo saber era de que país vínhamos, quem eram ou foram os nossos pais, e tantas coisas mais! Como sempre, além das pernas também abri o coração e a alma. Contei-lhe a minha vida toda dum só fôlego! Nesse dia não era ainda o calhamaço que presentemente ando a escrever, eram apenas algums capítulos de muito poucas páginas. Eu acabava de chegar à vida que eu queria viver: viajar, aprender línguas, integrar-me noutras culturas, conhecer novas caras, outros usos e costumes.
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