mardi 29 septembre 2009

Homens Há Muitos! Miki Só Um!
















Outra bela recordação desses idos amados tempos em Eilat, foi certamente, quando eu e o Miki íamos fazer as nossas compras ao Merkaze e que, depois, sempre nos sentávamos a uma mesa na esplanada do Café para tomar uma bebida antes de voltarmos a casa. Ele fartava-se de gozar comigo quando eu pedia uma garrafa de leite Ucal. Ambos gostávamos muito de nos sentar ali naquela pequena esplanada depois das compras feitas. Uma vez ele sacou da sua Kodak e fez-me uma foto, dizendo que eu estava muito giro, que me ficava bem o cachecol. Já estávamos em Novembro desse ano de 1963, John Kennedy acabava de ser assassinado em Dallas e, em Eilat, os Invernos podem, por vezes, ser bastante frescos.

Uma dessas vezes, íamos de regresso a casa em cima da Lambretta quando, de repente, me ocorreu que me tinha esquecido de comprar cigarros e, ao passarmos em frente dum quiosque onde vendiam jornais e tabaco, pedi ao Miki que parasse uns instantes para eu dar um salto ao quiosque para comprar cigarros. Ele parou e eu dei uma corrida até ao quiosque. Miki ficou escarranchado na moto a roer as unhas. À entrada do quiosque estavam cinco jovens maltrapilhos a tomarem un capilé, fazendo uma grande algazarra. Ao verem-me apressadamente chegar-me ao balcão e pedir um maço de cigarros, eles olham-me com um evidente ar de troça, e um deles diz para os outros:

- Olha quem aqui está! Não sabia que os panascas também fumavam!

Eu ignorei o aparte e fiz como se não tivesse ouvido nada. Ao sair, pondo os olhos no chão, passo por eles sem lhes ligar. Um deles, o mais provocador, quando eu passo, chama-me maricas de merda! O Miki, sentado na sua moto, muito calmamente, levanta-se, pucha as calças para cima e, arregaçando as mangas, caminha vagarosamente na direcção desse pequeno grupo de rascas. Agarra pelos colarinhos o que me tinha insultado, e atira-lhe à cara:

- Olhe, seu paneleiro de merda! Eu cá cu não lhe posso dar, mas isto – mostrando-lhe o punho – posso!

E deu-lhe um murro tal na cara que o pobre estatala-se no chão com os beiços a sangrarem. Miki remonta a sua moto e pede-me para me despachar, para me empoleirar na moto por detrás dele,que me "agarrasse bem a ele", que tínhamos mais que fazer!

Fomos para casa sem trocar uma palavra. A vida continuou como se nada tivesse acontecido. Mesmo agora, tantos anos passados, este incidente nunca mais foi discutido ou relembrado. O Miki, mesmo no hotel, com alguns problemas que o Mr. Neiland por vezes me causava, defendia-me sempre de qual que fosse a afronta. Graças a ele, o Chefe do Pessoal aumentou-me o ordenado sem que eu o tenha solicitado.

O Miki foi realmente o melhor amigo que jamais tive! Esse amigo que Deus pôs no meu por vezes tão solitário caminho, e que depois mo tirou!!

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