mercredi 16 septembre 2009

O Meu Filho? 47 anos!










A minha existência era um diário sopro muito suave mas, no fundo de mim, a Miriam e a sua falta de notícias preocupava-me. Um dia decidi telefonar-lhe para o Kibbutz, mas como em Beit Hashitá, nesses tempos, só havia o telefone do Secretariado, aí me disseram que não sabiam nada dela, que haviam tantas Miriams por esse mundo fora!

Resolvi então escrever-lhe uma curta carta para saber o que passava com ela. Essa carta nunca obteve qualquer resposta. Tempos mais tarde volto a enviar outra breve missiva que, como a prévia, não me enviou nenhum eco! Um tanto preocupado pelo facto de a última vez que nos vimos ela se ter queixado dos seus receios de estar grávida, no meu dia de folga no Hod, ponho os pés a caminho e dou um salto a Beit Hashitá.

Quando lá cheguei dirigi-me ao único sítio no Kibbutz onde poderia obter eventualmente algumas informações acerca do paradeiro da Miriam.

Uma senhora sentada por detrás da sua secretária convida-me a acomodar-me na cadeira na sua frente. Eu explico-lhe que procurava saber onde encontrar a Miriam. A senhora levantou os olhos do pesado calhamaço onde estava a tomar notas e pergunta-me qual Miriam? Há tantas Miriams na terra!

Quando lhe disse o seu nome de família ela finca os seus olhos nos meus e, imperiosamente, afirma-me que a minha Miriam tinha deixado o Kibbutz, que se tinha casado, tido um filho, e que não tinha a menor ideia que rumo ela tinha tomado.

Depois, muito gravemente, pousando ambas as mãos sobre o pesado livro onde estava tomando notas, devassa-me com seus olhos coriscantes e garante-me que o filho da Miriam era meu!

Dei um salto na minha cadeira e contesto que se ela se tinha casado, o filho era do seu marido!

- Não! Proclama ela! O seu filho nasceu cinco meses depois de ela ter conhecido o seu marido. Não pode ser filho dele!. Vocês viveram juntos algum tempo antes do seu marido ter chegado ao Kibbutz! É o seu filho!

Sugeri que talvez a Miriam tivesse ido para a cama com outros homens nesses tempos em que vivíamos juntos!

- Não, meu caro amigo! O filho dela tinha a sua cara! Só lhe faltavam os óculos!

Deixei o Secretariado com a alma em pedaços. Desci até à estrada para apanhar um autocarro que me levasse para bem longe de Beit Hashitá!

No apeadeiro, enquanto aguardava o próximo autocarro que passasse a caminho de Afula, jurei a mim mesmo que um dia eu tinha que a encontrar para saber de quem era realmente o seu filho. O nosso filho?

Esta pergunta ficou no ar 47 anos!

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