lundi 14 septembre 2009
Amor? Amizade? Gratidão?
Miriam compartilhava o seu quarto com outras duas raparigas, e eu compartilhava um quarto com o Guershon. Penso que ela já teria falado com as suas companheiras de quarto e talvez também com o Guershon, pois que, um dia, ela propôs-me eu ir habitar com ela no seu quarto e as outras duas moças compartilhariam o quarto com o belo Guershon.
Entre a espada e a parede, com uma vontade louca de tentar a aventura, descobrir por mim mesmo se o que Miriam sugerira seria realizável, pois que para mim era de importância capital conhecer-me pessoalmente, quais as minhas capacidades para fazer uma mulher feliz e, finalmente, realizar esse meu grande sonho de sempre de ter uma pequena criatura que eu pudesse pegar pela mão! Que essa grande dádiva dum significado humano duma dimensão imensurável, viesse a chamar-me pai, e eu estreitá-lo contra mim, apertá-lo nos meus braços, e sussurrar-lhe docemente:
- Meu filho, meu amor, meu tudo, minha tão desejada flor em botão! Finalmente!
Muitos anos mais tarde explicar-lhe-ia as minhas lágrimas de pai feliz de o ter nos meus braços, na minha vida!
As duas companheiras de Miriam instalara-se no quarto do Guershon e nós casámos dois divãs contra uma das paredes do quarto, fizemos assim uma imitação de cama de casal, e ambos, nessa primeira noite, fizemos esforços inauditos para fazer de mim um homem, um marido, um pai! O pai do seu filho, do meu filho, do nosso filho!
Pedi a Deus, aquele Deus que é só meu, que me ajudasse nesta minha grande vontade de enveredar pelos caminhos desse Deus que parecera ter-me posto de parte, recusando-me esse direito! Sonho que sonhava desde menino: constituir uma família, ser como quase todos os demais e, sobretudo, ter a bênção de ser pai!
A primeira noite foi catastrófica! Era o Gerry que eu fisicamente desejava, e com uma mulher a minha varinha de condão parecia ter perdido a magia para fazer acontecer o que eu tanto desejava que acontecesse: fazer um filho! Para isso era preciso que o meu pássaro abrisse as asas e levantasse voo! Mas o meu pássaro quedou-se quedo, nem uma pena mexeu! Ele pensava em voar, sim, mas até aquele palheiro onde certamente o Gerry me esperava...
Noite após noite, num mutual esforço para que a união dos nossos sexos se consumasse, pouco a pouco, a minha muda ave começou a dar sinais de vida. Uma noite, finalmente, ela penetrou aquela gruta escura que ela tanto temia. Fechei os olhos, imaginei que era o Gerry que se encontrava prisioneiro do meu corpo e a ave bateu as asas até ao alvorecer!
Derramei-me nas entranhas dessa mulher que aparentemente desejava o meu corpo e ao mesmo tempo ajudar-me a desviar as minhas rotas. Que essa ave sobrevoasse a Gilboa e viesse aterrar lá onde devia para que eu me continuasse e me ramificasse!
Aos primeiros raios de sol ejaculei como um louco e gritei: Miriam! A mascarar um outro nome que eu teria de esquecer: Gerry!
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