dimanche 13 septembre 2009

O banco onde tudo começou










Uma manhã vou eu e todos os meus condiscípulos para os exames finais no refeitório. Tudo correu lindamente! A Ruti estava presente e linda como uma fada sem varinha de condão. Só os seus olhos brilhavam como uma noite de mil estrelas. Fizemos o ditado, a cópia, e tudo o mais, e quando chegou a altura de ler em voz alta uma página de um dos nossos livros de classe, uma das senhoras que fazia parte do “juri” pergunta-me de que país eu tinha vindo Respondi-lhe: Portugal! Ela vira-se para a Ruti e sussurra-lhe: - ele fala como um “sabra” = nato e criado. E a Ruti, muito orgulhosamente atira:

- E olhe que ele chegou atrasado e só fez metade do curso!

A tal senhora responde-lhe, olhando-me fixamente: -“Kol Ha’kavod!” = Brilhante! Ruti deitou-me um sorriso e acrescentou: - Este rapaz vai chegar muito longe! Ele já escreve poemas em Hebraico que fariam empalidecer alguns dos nossos poetas nacionais. Vou guardá-los todos como recordação!

Depois de tudo arrumado, comemos e bebemos, uma espécie de pequeno modesto banquete e quando já tudo tinha sido mastigado e engolido, bebido e escorropichado, afastaram-se todas as mesas e cadeiras e um acordeonista começou a tocar modinhas Israelitas e do Folclore Judaico. Como sempre muito gostei de dar ao pé. Comecei logo aos saltinhos, estilo matiné-dançante. Ia buscar as raparigas para dar uns passinhos e mudava de rapariga todos os cinco minutos. Quando veio o quarto de hora americano, uma rapariga que eu já tinha reparado nela, que me comia com os olhos, não muito alta, fortezinha, com uns óculos com uns aros muito modernos, veio-me pedir uma dança. Concedi.

Ela era uma grande dançarina. Vestia uma blusa e uma saia de muitos folhos, e quando tocaram uma valsa nós éramos tão bons dançarinos que toda a gente parou para nos apreciar. Quando a valsa acabou fomos aplaudidos. Ela estava um tanto afogueada e sugere-me que seria agradável irmos até lá fora tomar um pouco de ar fresco. Eu segui-a dizendo cá com os meus botões: Olha filha, para aqui vens de carrinho! Estava com muito mais vontade de ir dar uma volta até ao palheiro para ver se o Gerry estava!

Em frente do refeitório haviam uns tantos bancos de jardim. Sentámo-nos. Acendi um cigarro e ofereci-lhe um outro. Ela aceitou e por entre baforadas de fumo, começámos aquela típica conversa dos Israelitas: De que país és, qual a tua profissão, estudos, projectos de futuro, se nos iríamos radicar em Israel, se tínhamos viajado muito, que línguas falávamos, e tantas coisas mais! Tudo isto já em Inglês, pois que, entretanto, com o Gerry e mais alguns, eu tinha aprendido bastante Inglês. Assim como Espanhol com a Anita, pois quando os pais dela, que vieram especialmente de Barcelona para visitar o Kibbutz, eu lhes falei em Espanhol, a mãe dela vira-se para a filha e segreda-lhe:

- El habla Español al igual que un gitano!

Depois das apresentações feitas ela pergunta-me em que barraca morava eu, e com quem. Respondi-lhe que naquela ao pé da árvore secular e que a compartilhava com o Guershon! Aí ela dá um gritinho e diz-me que conhecia o Guershon que, como ela, era de Amsterdam!

Como nessa noite, igualmente estava previsto uma sessão de teatro feito pelos ulpanistas que acabavam de receber o seu diploma, ali nesse mesmo refeitório, fomos a casa tomar um duche e vestir as nossas melhores fatiotas. Acompanhei-a ao seu quarto, mesmo em frente do meu, que ela compartilhava com outras duas raparigas! Despedimo-nos e prometemos reencontrarmo-nos nessa noite no “Chdar Haóchel” para essa festarola. Antes de nos separarmos perguntei-lhe como é que ela se chamava?

Miriam!

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