dimanche 6 septembre 2009
Poluição sobre esta terra
A PAPOILA
A papoila a rebentar de côr
A rasgar a greta na nesga de cimento
É como um grito um uivo um clamor
Ou discreto lúgubre lamento
Que o sol ainda procura reviver
A despeito da imunda poluição
Na montureira de um mundo em declínio
Onde tudo é fibra plástica alumínio
Arquitectadas armaduras de betão.
Que é feito dos espaços verdes do abeto
Das vilórias com seu largo seu coreto
Do céu azul do mar limpo que se espraia
Da fita de veludo nos cabelos da catraia
Do ar puro das montanhas aos céus erguidas
Do unguento que sarava as nossas feridas
Dos caminhos sinuosos florindo no alvorar
Das ovelhas que passavam e paravam a pastar?
Que é feito do canto dos pássaros ao anoitecer
Das crisálidas que ganhavam asas antes de morrer?
Que é feito do fugaz vôo a pique dos cartaxos
Da água limpida regorgitante dos riachos
Onde minha mãe ia manhã cedo se lavar?
Que é feito de tudo o que já não nos é dado ter?
Junto ao cilindro silencioso inanimado
O pequeno e frágil malmequer delicado
Despontando à beira da estrada
Implorando chão fértil bem lavrado
É a Terra toda inteira assassinada
Teimosamente tentando renascer
Estoicamente procurando ressuscitar!
Rogério do Carmo
Paris, 15/3/1990
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Lindo este poema, escrito em 1990, mas tão actual !
RépondreSupprimerSe as pessoas soubessem o bem que faz à alma o contacto com a natureza, deixariam certamente certos vícios da cidade que só nos atrofiam o espírito e nos poluem o corpo!
Beijo
Por isso é que eu queria ir acaar os meus dias numa vilória do Alentejo onde ainda houvessem vacas que ao passar me deixassem bostas pelos caminhos! Beber, como quando eu era menino, leite das vacas, directamente das suas tetas, e não estas merdas agora todas cheias de productos químicoas e coiss de UCAL!
RépondreSupprimerGostaria de ser uma vae, não agoirenta, e pudesse voar muito alto por cima deste mundo em decadência!
Beijo do galdéro que queria voar para poder estar junto de ti sem psar da TAP!