dimanche 13 septembre 2009
O Gerry
Os dias no Kibbutz e no Ulpan começaram a tornarem-se numa agradável rotina: às seis da manhã sair da cama, ir tomar o pequeno-almoço, e depois trabalhar nos campos até ao meio-dia. Depois, como sempre, irmos ao Ulpan, tomar um duche com grandes algazarras e ciclopadas à mistura. Muitas palmadas nas costas e ainda muitas mais nas nádegas uns dos outros. Comecei a ser, não sei por que razão, o bode expiatório da malta toda. Todos me diziam que, afinal, eu não era circuncidado, que eu tinha um ciclope ajuizado, perdão, “ajudeuizado”. O meu ciclope, bem vistas as coisas, era pouco ajuizado e começou a ser alvo de alguns desejos menos castos. O meu ciclope era muito generoso e gostava de matar a fome a todos os famintos que o fixavam de revés com olhos a abarrotar de apetite. Foi o caso do Gerry, um jovem americano belo como um Deus do Olimpo, que andava com problemas de droga. Na América isso era tão bem aceite e fácil como fumar. No Kibbutz não haviam drogas. A única droga no Kibbutz era o sexo! Um clima quente, comida excessivamente temperada com certos condimentos afrodisíacos. Pénis e clítoris sempre em carne viva. Todos os cantos um tanto recônditos eram permanentemente alcovas de alguns momentos. Era comum, na casa das vacas – onde trabalhei bastante a limpar o esterco, a dar de comer aos animais, mugir as vacas- ouvirem-se gemidos de amantes em desarvoro. Foi lá também que eu e o Gerry demos largas às nossas ternuras. Ele, quando estava com “falta” de droga vinha ter comigo e suplicava-me: “estou desesperado, preciso de droga, aperta-me nos teus braços, aperta-me fortemente!” Eu claro que o fazia, para o acalmar, mas o meu ciclope começava a perder a calma e, uma tarde, na palha, ele agarra nele e mete-o na boca, dá umas fumaças como se fosse uma beata de Hashish, engoliu o fumo sofregamente e depois ficou mais tranquilo.
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