samedi 12 septembre 2009
Marselha
Chegados a Marselha fui - como combinado em Lisboa na Agência Abreu - depositar directamente as minhas malas no depósito de bagagens do Porto de Marselha. Conservei o meu saco à tiacolo com os meus documentos e um livro que tinha trazido para ler durante a viagem, e os poucos francos que me restavam. Depois dirigi-me à Agência de Viagens do Porto para sacar o meu bilhete para o barco, como me tinha sido indicado na Abreu - onde me tinham dado um vale para tal efeito - mas a Agência já tinha fechado.
Finalmente liberto das minhas pesadas malas, fui rua acima, procurando um pequeno hotel onde pudesse arrumar os ossos. Encontrei um Café-Tabac onde anunciavam quartos nos andares de cima. Visitei uma modesta mansarda com janela para a rua. Em frente havia uma loja com uma grande montra cheia de artigos de desporto. Na rua não havia trâsito algum, nem viva alma!
Depois duma pequena banhoca e uma curta soneca, desci e fui à procura de Marselha. Dei uma pequena volta e descubro que para voltar ao Porto onde tinha deixado as malas, bastava-me apenas descer uma larga escadaria calcetada, mesmo nada longe do pseudo-hotel onde me instalara. Fiquei radiante! Começava a sentir-me em casa, mais confiante e à vontade. Marselha era uma cidade linda ali debruçada sobre o Oceano. As pessoas eram muito comunicativas e eu lamentava não saber Francês para me poder juntar a elas. A noite descia lentamente sobre a cidade então pejada de gente. Sentei-me numa esplanada a tomar um café e a escutar as conversas dos outros, para ver se começava a compreender um pouco do que eles diziam. Eu tinha aprendido algum Inglês em Lisboa, nas matinés do São Jorge, escutando os diálogos e lendo as legendas daqueles grandes dramas anglo-saxónicos muito em voga nesses tempos. Francês, como sempre detestei filmes franceses e aquela língua muito afectada, nunca ia ver esses filmes e, assim, nunca aprendi grande coisa dessa língua que abominava.
Entrei num modesto restaurante. Como os meus patacos não me pesavam muito no bolso e o meu Francês não me dava para ler a ementa, apontei ao criado de mesa o prato mais barato, pois que os preços ainda conseguia traduzir. Após essa frugal refeição voltei para o hotel e fui para a cama muito cedo, para, enfim, poder passar uma boa noite estendido numa cama a sério e recuperar das andanças do acidentado e cansativo combóio, dessa longa viagem que me trouxera de Santa Apolónia, deixando para trás a minha triste e bela infância, a minha dolorosa adolescência, levando-me para diante, para novos horizontes. Caminhos por mim nunca percorridos que poderiam vir a ser pedregosos ou infestados de insaciáveis predadores.
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