samedi 12 septembre 2009
Artigos de Desporto
Algo porém transparecia no meu rosto. Esse rosto onde certamente se espelhava a minha terrível aflição. Um grupo de jovens - aí umas três raparigas e quatro rapazes - com todo o aspecto de serem estudantes, puseram-se a olhar para a montra e a comentar os artigos expostos e, de vez em quando, observavam-me discretamente. Até que um dos rapazes se decide e timidamente me aborda e me pergunta embaraçadamente, em Francês, qual era o meu problema. Depois de ter ultrapassado as minhas capacidades para o compreender, arrisquei-me, com palavras soltas e gestos desgarrados, explicar-lhe o que se tinha passado comigo. Ele dirige-se em surdina aos seus companheiros. Não percebi patavina de que eles estavam a dizer. Por fim, esse mesmo rapaz volta-se para mim e diz-me que eles tinham ali por cima dessa loja uma água-furtada que eles tinham alugado em conjunto para fazerem os trabalhos de escola, que havia lá uma cama, e que eu podia lá ficar até apanhar o meu barco. Claro que aceitei com ambas as mãos aos céus erguidas!
Subimos a esse quinto andar sem ascençor e, ao abrirem a porta, verifiquei que se tratava dum pequeno sótão com janela para a rua. Parecia uma arrecadação e havia um reboliço infernal. Uma grande mesa, algumas cadeiras, e uma grande cama de casal. Imediatamente me passou pela cabeça que, além dos trabalhos da escola, eles deviam utilizar esse quarto para outros trabalhos mais físicos que inlectuais...
Intalo-me. Eles dão-me a chave, pousam-me umas moedas na mão, dizendo-me para me por à vontade, que fosse lá abaixo comer uma sandes! O que fiz!
Quando voltei meti-me na cama e dormi duma assentada até ao meio-dia, sem sonhos nem pesadelos! Despertei como se estivesse a sair dum longo irreversível estado de coma! Para minha grande surpresa, eles tinham deixado mais umas moedas sobre um papel em cima da mesa, onde estava escrito: “pour manger”!
Imediatamente, depois de ter começado a aprender o Francês de ouvido, comecei também a aprender a lê-lo soletrando, advinhando sentido das palavras, e a recuperar a fé na Humanidade!
Esses poucos dias passaram depressa, com a generosa ajuda de um grupo de jovens que tinha olhos para ver e coração para amar. Na véspera da minha partida, reuniram-se todos à minha volta nesse minúsculo quarto, trouxeram comida e duas garrafas de vinho e celebrámos a minha largada, a minha saída das minhas misérias passageiras, pois que dentro de horas eu estaria sobre esse barco turco - o Istambul - onde tinha camarata no dormitório dos marujos e rancho do pessoal de bordo, incluído na minha passagem!
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