samedi 17 octobre 2009
Torino - Io no ti vedrò mai più!
Decidira passar apenas uma noite em Torino para fazer render as minhas finanças. Porém, no outro dia de manhã, ao ir a esse mesmo Café tomar uma espécie de pequeno almoço, novamente deixei os meus olhos passearem sobre aquelas apetitosas saladas. Apontei uma delas, a mais viçosa, e devorei-a em dois minutos. A senhora que me serviu - a patroa - perguntou-me o que queria eu beber e eu disse que nada, muito obrigado! Ela, sem dizer uma palavra, retirou o meu prato já vazio de cima do balcão, e pôs-me um outro bem atulhado, e encheu-me um copo de “vino rosso”. Fiquei espantado com a atitude da senhora, mas resignei-me e enguli essa segunda tão apetecida dose. Depois pedi um “capuccino”. Quando lhe perguntei quanto lhe devia, ela respondeu-me que não lhe devia nada! Que se eu estava “nella merda”, que lhe dissesse! Que ela preciva de alguém para a ajudar aos almoços e aos jantares, para lavar pratos! Pensei logo que pratos, só limpos! Como o meu Italiano tinha feito grandes progressos, aceitei. Ela propôs-me pagar-me o quarto lá em cima, três refeições por dia, e uma pequena maquia por dia para os meus alfinetes.
Comecei logo no dia seguinte. Tinha de lá estar para os pequenos almoços, almoços, e jantares. O meu trabalho não me agradava, mas também não me degradava! O pessoal na cozinha eram todos muito “carinos”, e como eu andava sempre a dizer palavrões na língua deles, acabaram por me adoptar em poucos dias, e começaram a chamar-me “cazzino”! Assim tinha todos os dias a minha comida, o quarto pago, umas “liras” para comprar cigarros e algumas mais coisas e, sobretudo, andava a aprender Italiano de borla! Durante o dia tinha duas horas para ir dar uma volta entre as refeições principais. Aproveitei esse tempo para visitar Torino, museus, e algumas catedrais. Ia todos os dias àquela igrejinha onde tinha entrado no primeiro dia a pedir amparo, e agradecia a Deus o facto de eu ter nascido!
Trabalhei nesse Café umas duas semanas e economizei umas liras. Não abri conta no Banco! O meu banco continuava a ser as minhas peúgas! A minha roupa suja era, presumo, lavada juntamente com os guardanapos, toalhas, e panos da cozinha, mas uma coisa era certa: de vez em quando, ao subir ao meu quarto, encontrava a minha roupa muito bem engomadinha em cima da minha cama, à minha espera! Adorei essas duas semanas pois que sempre me interessou aprender línguas! Ao princípio só sabia dizer “cazzo”, mas muito rapidamente me apropriei da língua e já começava a poder conversar quase fluentemente com todos. Conversas corriqueiras, nada de filosofias!
O tempo foi passando, e no dia em que eu já tinha umas economias, disse à La Mamma que tinha de seguir viagem, que tinha de estar em Londres, onde já tinha emprego. Ela ficou “soddifastta” e disse-me que tinha a sua casa sempre às ordens! Assim, uma manhã, depois de ter tomado o meu último pequeno almoço nesse Café, despedi-me de todos e apanhei o meu combóio para Milão. Ao afastar-me olhei para trás já com alguma saudade desses dias. Dentro de mim, uma voz me dizia que eu nunca mais voltaria a Torino!
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