mardi 20 octobre 2009
Romeus e Julietas
Depois desse tardio passeio, Mauricio foi a casa mudar de roupa e tratar da “sua mamma”, que eu jantasse sozinho, algures, que me viria procurar ao hotel por volta das dez da noite para uma “passeggiata”! Nessa noite não jantei. Contentei-me com um “panino” e um café! Para fazer horas, atravessei aquela ponte romana e passeei solitariamente ao longo do canal. A noite começou a descer e as luzes a acenderem-se, e pessoas a sairem de suas casas para também, penso, “una passeggiata”! Por volta das dez regressei ao hotel e subi ao meu quarto para me lavar um pouco e fazer-me bonito. Às dez desci e ocupei o meu velho cadeirão perto da janela. Como prevera, Mauricio chegou a horas. Fomos dar um passeio pelas velhas ruas agora a abrrotar de gente que ria e falava alto. Vimos algumas montras e, depois, sentámo-nos num Café para uma pequena e amena conversa. Falou-me muito da sua solidão, mas nem uma palavra acerca do seu trabalho ou planos de futuro. Penso que o seu único plano seria aguardar que “la mamma”subisse aos céus e, logo a seguir, a sua ansiada partida para Roma, para viver a sua vida mais abertamente. Eu falei-lhe dos meus projectos. Que gostaria de dar um salto até Veneza antes de apanhar um combóio até Genebra. Ele recomendou-me Veneza etusiasticamente. Que devia lá ir e passar uma noite, para ver esse mágico espectáculo dum pôr-de-sol na Praça de São Marcos! Que gostaria de vir comigo, mas que não podia, por causa das suas obrigações profissionais. Que também não poderia tirar mais tardes, que o inesquecível prazer de estar comigo teria de ser efémero! Que talvez um dia eu pudesse voltar para passar uns tempos com ele em Roma. Depois ofereceu-se para me acompanhar ao meu hotel. Lá chegados, como previra, ele empurrou-me docemente para dentro do páteo de Romeo. Foram os nossos derradeiros momentos de intimdade! Ele, repentinamente, enlaçou-me muito cerradamente, pôs a sua cabeça sobre o meu ombro, e chorou, dizendo-me que se apaixonara por mim e que gostaria de me guardar para todo o sempre! Por momentos receei que a nossa curta história de amor acabasse tão tragicamente como aquela que inspirara Shakespear! Nunca saberei ao certo se Romeo e Julieta realmente alguma vez existiram mas, pelo seu excepcional romantismo, decidi que, para mim, eles existiram um dia, assim como esta fugidia paixão entre mim e o Mauricio, do qual nunca mais soube nada!
Espero que ele, depois da morte da sua “mamma”, se tenha mudado para Roma, encontrado o seu Romeo, e que ainda vivam agora numa bela casa com uma romântica varanda debruçada sobre o majestoso Tibre!
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