mardi 13 octobre 2009
Pensão "La Mamma"
Pedi então ao miúdo que me indicasse uma pensão ali perto do porto. Ele pega na minha mala e, no seu muito musical Napolitano, me pede de o seguir. Ele não andava, corria! Tive de acelerar o passo para o não perder de vista. Logo à saída do porto ele enfia por uma estreita viela muito movimentada, onde, como em Lisboa, as janelas estavam todas enfeitadas com roupa estendida a pingar sobre as nossas cabeças. Repentinamente estacou em frente duma estreita porta e procurou dizer-me que era ali a pensão! Que esperasse um bocadinho, que ele ia lá acima ver se haviam vagas. Enquanto aguardei o seu regresso, pus um pé em cima da minha mala para a proteger de algum roubo, pois que a reputação de Nápoles que me tinha chegado aos ouvidos, não era mesmo nada tranquilizadora. Acendi um cigarro e pacientemente aguardei os resultados. Entretive-me a estudar a fauna que passava rua abaixo rua acima, e apercebi-me que a maioria das pessoas que por mim passavam e me olhavam, eram certamente prostitutas e prostitutos a quererem fazer-me feliz por uma hora, a troco duns trocos. Ignorei as ofertas e apaguei a minha beata na ombreira da porta. O miúdo das malas desce a correr e fez-me compreender que havia vaga, que podia subir. Ele sobe à minha frente até ao primeiro andar, e abre uma porta muito pesadona, do lado direito do patamar. Somos recebidos por uma senhora que me mostra o caminho ao longo do corredor, para o meu quarto. O meu italiano era paupérrimo, mas, mesmo assim, compreendia e fazia-me compreender. O puto depôs a minha mala no meu quarto e estendeu-me a mão. Não para se despedir de mim, mas para o que ele bem merecia, uma boa gorjeta!
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