
Pedi então ao miúdo que me indicasse uma pensão ali perto do porto. Ele pega na minha mala e, no seu muito musical Napolitano, me pede de o seguir. Ele não andava, corria! Tive de acelerar o passo para o não perder de vista. Logo à saída do porto ele enfia por uma estreita viela muito movimentada, onde, como em Lisboa, as janelas estavam todas enfeitadas com roupa estendida a pingar sobre as nossas cabeças. Repentinamente estacou em frente duma estreita porta e procurou dizer-me que era ali a pensão! Que esperasse um bocadinho, que ele ia lá acima ver se haviam vagas. Enquanto aguardei o seu regresso, pus um pé em cima da minha mala para a proteger de algum roubo, pois que a reputação de Nápoles que me tinha chegado aos ouvidos, não era mesmo nada tranquilizadora. Acendi um cigarro e pacientemente aguardei os resultados. Entretive-me a estudar a fauna que passava rua abaixo rua acima, e apercebi-me que a maioria das pessoas que por mim passavam e me olhavam, eram certamente prostitutas e prostitutos a quererem fazer-me feliz por uma hora, a troco duns trocos. Ignorei as ofertas e apaguei a minha beata na ombreira da porta. O miúdo das malas desce a correr e fez-me compreender que havia vaga, que podia subir. Ele sobe à minha frente até ao primeiro andar, e abre uma porta muito pesadona, do lado direito do patamar. Somos recebidos por uma senhora que me mostra o caminho ao longo do corredor, para o meu quarto. O meu italiano era paupérrimo, mas, mesmo assim, compreendia e fazia-me compreender. O puto depôs a minha mala no meu quarto e estendeu-me a mão. Não para se despedir de mim, mas para o que ele bem merecia, uma boa gorjeta!
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