vendredi 9 octobre 2009

B A C C H U S











Havia outra possibilidade, um “Moadon-Laila” (Night-Club), muito perto da Universidade de Jerusalem, muito frequenado pelos estudantes de todos os sexos. Ali, realmente, valia a pena! Eram todos jovens de alta-estirpe, que valiam bem umas “brincadeirazinhas” muito a sério! O problema era o preço da entrada, além o das bebidas consomidas. Esse “Moadon-Laila” chamava-se “Bacchus”. Recordo sempre com um sorriso muito especial, aquela noite em que o Melo tinha querido estar comigo a “sós”, e me pediu para eu esperar por ele nesse recinto. Como era a primeira vez que eu procurava saber onde se encontrava esse famoso Bacchus, sabendo que era perto da Universidade, ao subir a rua Ben-Yehuda, perguntei a uma senhora que muito atarefadamente descia essa mesma rua, se ela sabia onde era o “Bá’kuss”? Foi assim que eu pronunciei o nome desse clube, que o Melo me tinha dado, anotado numa margem do Jerusalem-Post. O problema foi que, “Bacchus” (o Deus do Vinho) em Hebraico dizia-se “bá’krruss”, e eu perguntei à senhora onde era o “Bá’Kuss”! Ora, “bá’kuss”, em Hebraico, quer dizer “Na’Kona”! Ao pergutar a uma senhora de boas famílias onde era o “na’kona”, claro que a distinta senhora atirou-me com alguns muitos insultos que ela tinha aprendido na escola, quando era pequenina, ou quando o pai a levava ao parque a bricar com a outra garotada. Um deles foi o muito conhecido em muitas línguas: “Vai Pó Caralho”! Isto vindo duma senhora tão bem apresentada, era como ter tido encontrado uma Vénus de Milo toda em ouro, num caixote de lixo entornado!

Por fim acabei por encontrar esse malvado Clube. Entrei, sentei-me, pedi um whisky, e aguardei a chegada do meu Tété. Quando lhe contei esta história do “na’kona” ele dobrou-se todo numa gargalhada que durou cinco minutos. Depois de ter limpado as lágrimas e se ter assoado três vezes seguidas, explicou-me o segredo do CH na palavara Bacchus, que o Ba era “na”, e “kuss” era kona! Que o CHUS, em Hebraico, se pronunciava Krruss, e não Kuss!

Depois da risota veio um silêncio afagador. Seus olhos de mel afundaram-se profundamente nos meus, dizendo-me que esquecesse a Miriam, que eu gostava era de homens, que isso era naturalíssimo, que arranjasse um homem e fosse feliz com ele em vez de ser infeliz com uma mulher e, sobretudo, não fazer uma mulher infeliz para encobrir as minhas natas tendências! Pousou o seu copo sobre a mesa, o seu cigarro no cinzeiro, pôs a sua bela mão sobre a minha e, olhando-me intensamente, como a querer ver-me por dentro, disse-me que era absolutamente normal dois homens se amarem, se desejarem, fazerem amor! Que isso acontecia a muito boa gente! Nessa noite eu pressenti que ele me abria os seus braços para a realização do meu maior sonho de então: Amá-lo! Dizer-lho! Despi-lo! Penetrá-lo! Talvez mesmo desflorá-lo! Penso que nessa noite perdi estupidamente o meu derradeiro combóio até ao Sétimo Céu!

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