samedi 10 octobre 2009

Issa - O Deus Interdito
















No Hod a rotina instalou-se, repetitiva, mas sempre contente de ter voltado. Mrs. Kimche continuava muito maternal comigo, e era um grande prazer voltar a trabalhar com esses mesmos colegas que tinha tido no passado, como a Rosa, a Malka, a Edithe, e o meu querido Haim! Magoava-me apenas a ausência do Mr. Kimche, mas Deus tinha-o chamado à sua presença! David tinha crescido bastante e estava a fazer-se um homenzinho, já um tanto angustiado com os problema da adolescência. O Yoska continuava na Beit Leherfeld com a sua simpática família, e a fazer as suas noites no Hod. Ele tinha uma filha muito bonita que se chamava Sónia, que andava um tanto embeiçada comigo. Tínhamos por vezes conversas muito adultas, e ela não acreditava que eu fosse português, que eu falava como um “sabra”, nato e criado em Israel. Um dia tive de lhe mostrar o meu passaporte português para que ela por fim acreditasse que eu tinha nacido em Mafra, em Portugal. Nós fazíamos grandes passeatas em Herzelia Pituach. Íamos muito ao cinema local e às lojas comprar roupas, livros e revistas. Como eu não ligara aos seus avanços, acabámos por cultivar umas relações muito cordiais, quase fraternais. Tinha porém um novo colega que não fazia parte do meu passado no Hod. Ele chamava-se Issa, era casado, tinha um filho pequenino, e era, sobretudo, o meu tipo de homem! Um corpo atlético, uma cabeça de estátua grega, com cabelos grisalhos, e uns olhos cinzentos que me penetravam ao mais fundo dos meus incontroláveis desejos! Enfim, um perigo para mim e para ele! Ele vivia a dois passos, e convidava-me sempre que podia a almoçar em sua casa. A sua mulher era um encanto de rapariga. Nós alternávamos os nossos horários. Uma semana ele trabalhava de manhã e eu de tarde, na outra semana vice-versa! Por vezes trocávamos, segundo as nossas conveniências pessoais. Mrs. Kimche estava sempre de acordo! O Yoska continuava a fazer as suas noites, e a sua folga era feita, uma semana por mim, outra pelo Issa.

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