vendredi 9 octobre 2009

Ocasiões Despediçadas










A minha vida continuou bastante repetitiva. Oito horas de trabalho no President Hotel, noites rascas fornicando com quem calhava, fazer o almoço para mim e para a Rita, confraternizar com ela, mas poucas idas a Beit Há’Kerem. Algumas das nossas fugas foram idas a uma matiné, ir ao Café Atára, ali na Ben Yehuda, tomar um café e falar de pequenos planos de futuro. Éramos todos jovens e tínhamos todos a vida à nossa frente! Ela queria avançar com o seu negócio de traduções e propôs-me que trabalhasse com ela umas horas por dia nas traduções, que podia fazer as traduções de Inglês para Português, pois que tinha muitos clientes brasileiros. Disse-lhe que não me queria meter em cavalarias altas, que não me considerava competente para tal trabalho. Ela disse-me que um dia se veria. Mas as únicas coisas que eu iria ver era o meu trabalho no hotel, as minhas farras pelo parque, o meu Tété que a despeito de estar tão perto de mim, me parecia estar tão longe. Porém os seus convites para estarmos a sós no Bacchus, continuaram. Era evidente que ele me queria nos seus braços mas, algo vindo não sei bem donde, me impedia de ceder. Como se fosse esse interdito que eu próprio me impunha, que me fazia amá-lo e desejá-lo tanto! Uma dessas vezes chegou a sussurrar-me que nunca tinha feito amor com um homem e que gostaria de experimentar, pois que haviam tantos outros homens que o faziam. Nessa noite, para mim isso foi um convite claro que eu pretendi não ter compreendido. Agora, que ele ainda me aguarda algures, não sei onde, uma estranha forma de remorso me assalta, me assola, me destrói!

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