vendredi 9 octobre 2009
A Fuga ao Meu Destino
O encontrar-me tão perto do Melo, desejando-o todos os dias nos meus braços, começou a ser um doloroso quotidiano tormento para mim. Comecei a esquivar os convites ao Bacchus, sempre depois das onze da noite. Aqueles olhos de mel que silenciosamente me imploravam algo que eu tanto lhe queria dar, mas que uma alta barreira que eu próprio tinha erguido e que eu não a conseguia galgar, me impediam de consumar esse sonho que carregava desde esses já tão longínquos tempos da Casa das Cavacas, na Ericeira! Como sempre, só uma fuga me podia arrancar àquele calvário! Sempre aquela necessidade de voar, de chegar mais longe! Sobretudo longe desse homem que tanto amava e que para estar com ele eu tinha vindo de Lisboa até Haifa. Foi ele quem pagou a viagem. Isso provava-me que talvez ele também me amasse de alguma maneira. Na Ericeira, ele quis-me em Lisboa, em Israel, ele quis-me em Jerusalém! Quem sabe se na cama ele também me queria com ele? Todas estas dúvidas e ansiedades começaram a afastar-me dele. Pensei em ir procurar trabalho em Tel Aviv. Um dos meus dias de folga apanhei um autocarro e fui a Herzelia matar saudades do Hod e da Mrs. Kimche. Lá chegado, ela abre-me os seus braços e a porta do Hod! Que tinha vindo mesmo a tempo e horas para que tudo voltasse a ser como dantes! Que o Ronny ia voltar para a África do Sul, e que eu podia tomar o seu lugar, que seria tão bom ter-me de volta! Que Yoska continuava na Beit Leherfeld, que eu procurasse um quarto algures não muito longe do Hod, que ela pagaria a renda! Foi dito e feito! Voltei a Jerusalém e despedi-me do President Hotel, da Rita e do Zé, o meu querido Melo! Esse almejado trono onde nunca me sentaria, a despeito de ele estar de braços abertos à minha espera, uma coroa que se queria empoleirar na minha cabeça, essa cabeça louca que perdeu esse tão grande sonho da minha vida, uma vida que queria viver só para esse Rei que era evidente me queria não como lacaio, mas sim como seu amante! Que estúpido se pode ser por vezes na vida!
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