lundi 5 octobre 2009
Os Poentes
O Rakeffet tinha sido construído sobre a falésia diante daquele magnífico cenário do vale que se desdobrava ante os nossos olhos deslumbrados. Os poentes eram um expoente das muito milagrosas dádivas da Natureza. Zfat, toda ela, parecia ser uma maravilhosa oferta de Deus à Humanidade! Na recepção havia um gira-discos e muitos discos de jazz para, através dos muitos altifalantes espalhados pelo hotel, enfeitar o ambiente do loby e todos os corredores, assim como aquele vasto terraço, que parecia flutuar sobre a transparência do vale. Quando do meu turno, era eu quem fazia a selecção dos discos e, ao fim do dia, quando o sol começava a afundar-se para além do infinito, eu punha a rodar um disco que eu tinha comprado numa pequena casa de discos quando, ao passar, dei com um 33 rotações da ópera Madame Butterfly. Comprei esse disco em homenagem às minhas saudosas recordações desses meus tempos no Cinema Avis, em Lisboa, quando lá trabalhava, e vi aquela versão filmada no Japão. Como era uma cópia da banda sonora do filme, não hesitei e comprei um exemplar desse disco. Quando o toquei pela primeira vez no hotel pareceu-me flutuar num distante passado que não voltaria nunca mais! Como a essa hora quase todos os clientes se empoleiravam nesse terraço para desfrutar esses sublimes pôr-do-sol que empastava o céu e as montanhas dum tom violáceo, eu pedia ao meu colega que trabalhava na caixa, que tomasse conta da recepção, para eu poder ir deleitar-me com aquele exaltante espectáculo sublimado pela Madame Butterfmy, essa soberba ópera de Pucinni. Eu ali ficava até o sol sepultar-se por detrás das montanhas! Uma vez aconteceu eu não ter podido ir para o terraço e ter ficado a trabalhar na recepção, e ter esquecido de pôr o disco a rodar. Ocupado como estava nem dei pela presença dum hóspede que me acenava por detrás das cabeças dos clientes de que me estava a ocupar. Ele solicita-me a pôr a Madame Butterfly para a sua esposa que estava no terraço para ver o pôr-de-sol, e que sem o Pucinni não era a mesma coisa! Não eram os mesmos últimos suspiros de mais um outro dia moribundo!
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