vendredi 16 octobre 2009

Portofino! Amor à Primeira Vista!









Chegados lá abaixo arrumou o carro num carreiro e, daí, a pé, fomos desvendar todos aqueles recantos dum raquintado pitoresco à beira daquela anilada enseada onde se balançavam pequenas barcas que lembravam gaivotas pousadas na crista daquela mansa ondulação do fim de mais um dia. Percorremos todas aquelas ruelas por detrás daquela longa fila de Esplanadas e Restaurantes, que me lembravam a rua do Marco, em Roma. Muita roupa estendida à janela, com mulhres debruçadas ao pararapeito, conversando, de janela a janela, com a vizinha do lado e a da frente, numa conversa muito delas que elas espalhavam pela rua toda. Depois dessa longa passeata, depois de uma muito variada troca de impressões, Tino revela-me todos os segredos da sua correspondência, graças à revista “Hermes”, com outros homens espalhados pelo globo, que o tinham vindo visitar a Génova. Que tamém tinha visitado alguns paises estrangeiros graças a essas correspondências.

Entretanto o sol começou a descer e as cores de Portofino a modificarem-se. Iam do vermelho ao roxo, passando pelo amarelo e alaranjado. Sentámo-nos numa esplanada para tomar um café e deleitarmo-nos com aquele grandioso espectáculo! Tino levantou-se para ir comprar um maço de tabaco Marlboro, que tinha gostado dos meus, que eram muito mais suaves e agradáveis. Quando o sol despareceu para dar lugar à escuridade e aos candeeiros das ruas que começavam a iluminarem-se como irrequietos pirilampos, entrámos num pequeno bar para tomarmos um aperitivo, um delicioso vermute que estava então muito na moda. De pé, encostados ao balcão, Tino começou o seu trabalho de sedução: que me tinha escrito porque tinha gostado muito da minha fotografia no “Hermes”, que tinha gostado muito dos meus olhos penetrantes, e da minha boca a pedindo beijos. Com a mão esquerda segurava o seu copo e o seu cigarro, com a mão direita metida no bolso dos seus “jeans”, amassava o seu “cazzo” que já adivinhava curto e grosso como os cigarros que ele dantes fumava. Os seus enormes olhos muito pretos e pestanudos começaram a serem inundados por muitas estrelas cadentes. Entre as suas pernas anunciava-se uma estrela emergente. Ele saboreava o seu vermute em pequenas goladas, usando constante mente a sua rubra língua como guardanapo. Como outras partes do seu corpo, a sua boca parecia engordar a olhos vistos! Chegou-se um pouco mais a mim e cochichou-me ao ouvido:

- Sono anxiuos di andare a letto con te!

Não ousei responder-lhe que “anche a me con te”! Haviam outros clientes encostados ao balcão, sorvendo as suas bebidas e tagarelando, receei que ouvissem as nossas apaixonadas palavras em surdina. Havia uma música de fundo muito suave, e os últimos raios dum sol moribundo espelhando-se nas garrafas enfileiradas sobre uma longa prateleira na nossa frente. O Barman parecia observar-nos discretamente, como prevendo o que se iria passar entre mim e o Tino. Talvez mesmo com vontade de compartilhar connosco aqueles mesmos segredos de bocas que calavam o que os olhos gritavam! Depois de ter asmagado mais uma beata no cinzeiro, Tino sugeriu que era melhor irmos jantar, que eram horas, que iríamos jantar num restaurante muito pacato ali nas ruelas traseiras, onde se comia muito bem à luz da vela. Que nas esplanadas rente à enseada havia muita gente e muita algazarra.

Esse restaurante era quase apenas um pequeno buraco com meia dúzia de mesas. Tino foi saudado muito jubilosamente. Era evidente que ele era ali muito conhecido e apreciado. O criado que nos veio receber e oferecer a única mesa vaga, fazendo-lhe uma grande vénia, cumprimenta-o:

- Buonasera, signore ingegnere!

Finalmente, por portas e travessas, vim a saber quais os estudos e ocupação do Tino. Sentámo-nos. O “cameriere” acendeu-nos a vela e foi buscar a ementa. Tino percorreu muito rapidamente o menu e, levantando os olhos da ementa, pergunta-me se eu gostava de “lasagna”? Respondi que adorava, e ele encomendou duas doses. Enquanto na cozinha por detrás do balcão nos preparavam o nosso jantar, o “cameriere” trouxe-nos mais outro vermute e uns aperitivos muito variados numa pequena travessa. Tino ostensivamente tira dois cigarros do seu maço, entalá-os entre aqueles seus rubros, entumecidos lábios em fogo, aproxima-os da chama da vela, e sorve-os sofregamente, até obter o azulado fumo que se escapava da sua boca - aquela boca que eu tanto queria desfraudar - entala um deles entre os meus lábios, chupa o seu sensualmente, e expele uma leve baforada daquele tépido e transparente fumo na minha cara, explicando-me que, em Itália, quando alguém assim o fazia, era uma mensagem em código, insinuando: “voglio scopare”! Quando lhe disse que em Portugal também se usava essa astúcia, ele, apertando os meus joelhos entre os seus, sussurra-me languidamente:

- Che cosa stiamo aspettando”?

Em Inglês respondi-lhe que estávamos à espera da nossa “lasagna”! Ele sorriu matreiramente e segreda voluptuosamente:

- Possiamo aspettare, abbiamo tutta la notte avanti!

Concordei com a sua “affermazione”, mas desejei que o tempo passasse depressa! Eu queria-o nas minhas garras, nos meus braços, nas minhas pernas. Eu queria-o todo dentro de mim! Nessa noite apercebi-me de qua a vida é extremamnet curta! Que cada minuto contava! Esses minutos correndo uns atrás dos outros, tinham de ser bem especulados! Pedi a Deus que essa noite nunca mais acabasse! Quem sabia se eu voltaria a Portofino, a estar ali em frente dum homem que era um prodígio de sedução, um homem que eu desperadamente desejava nas minhas entranhas!

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire