lundi 5 octobre 2009

O Piano do Bar












Como havia nesse bar um piano, pedimos ao pianista do Rakefet que viesse de vez em quando animar a festa. Ele vinha quase todas as noites para tocar música de dança, e como ele um dia tocou “Lisboa Antiga”, eu cantei, mal e porcamente, mas agradou à malta. Eu e o Momo não parávamos um minuto a noite toda. Os clientes bebiam ainda mais do que algodão em rama. Uma coisa era certa, passavam um bom serão, pois que a maioria voltava no dia seguinte. Uma noite em que me baixei para servir uma dama, como eu vestia uns calções muito curtos, e ao vergar-me mostrei um pouco das minhas nádegas, uma senhora que estava por trás pede-me que faça um “strip-tease”! Os cavalheiros tanto insistiram, e o Momo de tal modo me encorajou, que eu fiz um pequeno mas muito decente “strip-tease”! Nas noites que se seguiram, alguns dos que tinham estado a noite anterior, queriam mais “strip”, mas eu sempre recusei. Que eu não era um profissional!

Além destas noitadas, tínhamos realmente quase todos os dias excursões que vinham almoçar, e isso era realmente um trabalho muito estafante. Depois, durante a tarde, como o trabalho era pouco, e havia um outro piano encostado à parede da sala, frente à recepção, como eu tinha aprendido um pouco com a Silvina, em Mafra, comecei a dedilhar as teclas e inventei uma melodia. Por vezes tocava-a também no Bar. O pianista do Rakefte dizia-me que eu nunca viria a ser um Rubinstein, mas que não tocava mal. Com essa melodia me ficou na memória, anos mais tarde, em Paris, em casa dum vizinho que tinha piano, fui lá tocar a minha melodia, que gravei no meu gravador portátil que tinha comprado para as entrevistas que eu fazia para a Rádio Alfa, em casa dos entrevistados. Ainda tenho essa gravação, e ainda hoje a escutei para matar saudades!

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