lundi 5 octobre 2009
A Porta de Entrada Para o Quintal
Aceitei e descemos vagarosamente aquelas escadas que nos devolveriam à Rua Principal, e daí outras escadinhas que nos levariam ao “casbah”, lá onde ele morava com os seus pais. Chegados à sua porta, naquela muito estreita ruela, ele empurra uma espécie de portão e, perante os nossos olhos, aparece-nos um grande quintal muito abandalhado. Havia roupa estendida a secar, pregada a um longo arame. À esquerda uma habitação, que ele apontou como sendo a casa dos seus pais e, à direita, um grande casarão. Levou-me até ao baixo muro que nos separava das montanhas e mostra-me aquela maravilhosa vista sobre o vale. O sítio onde nos encontrávamos era tão alto que, ao olhar para baixo, viam-se as nuvens deslizando suavemente pelo vale. Nunca esquecerei esse delicioso momento quando a minha alma de poeta e o meu corpo em brasa se batiam cada qual pelos seus direitos. Mas foi o meu “direito” que venceu essa luta carnificina. Sussurrei à minha alma que escreveria um bonito poema depois de ter apagado o incêndio que devastava o meu corpo todo! Pensei que iríamos tomar o prometido chá em casa dos seus pais, mas para meu grande regalo, ele abre a grande porta do tal casarão. Aí é que as portas do paraíso também se abriram! Aquele casarão era o seu atelier e a sua moradia. Era uma dependência muito vasta, com uma grande janela ao fundo. O chão era terra batida e haviam um grande cavalete com uma pintura ainda não acabada, e muitas outras encostadas às paredes. Havia um pequeno divã carregado de papelada, pincéis, e latas de tintas com tapas de todas as cores. Perguntei-lhe se eram trabalhos seus e se ele expunha. Respondeu-me que sim, e que iria expor brevemente no Hotel Herzelia, na Rua Principal. Perguntei-lhe se ele vivia da sua pintura, mas não! Disse-me que trabalhava e expunha nesse hotel. Achei graça à coincidência, e disse-lhe que eu tinha vivido em Herzelia, perto de Tel Aviv. A um canto ele tinha uma espécie de canto de cozinha com todos os aparatos. Fez um chá de hortelã apanhada no quintal, explicando que o chá de hortelã era um poderoso afrodisíaco.
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