mercredi 21 octobre 2009
Adeus Veneza! Até Quando?
No outro dia de manhã paguei o hotel, peguei no meu saco, e fui apanhar um combóio para Veneza. A viagem foi relativamente curta e agradável. Veneza apareceu-me como um deslumbramento, mas um pouco desiludido com a poluição. As águas dos canais não eram límpidas e verde-alga como as tinha imaginado. Eram acastanhadas, por vezes mesmo, lembraram-me impúdicos esgotos abertos ao público! A única vez que deslizei numa gôndola, uma dona de casa despejou para o canal um balde de água barrenta, penso que depois de ter lavado os seus soalhos. Essa pequena enxurrada sujou-me a minha bela camisa que tinha comprado em Tel Aviv, na Dizengoff, para a minha grande viagem pela Europa! Com a ajuda da brisa, ela secou rapidamente e, assim, consegui ainda gozar aquele meu único percurso de gôndola, gozando aquela soberba romântica aventura! Não apenas os canais e os barrocos edifícios que dela imergiam mas, sobretudo, aquele magnífico corpo daquele “belissimo gondoliere”! Por vezes, nas ruas de Veneza, eram eles que os meus olhos buscavam obsecadamente! Foram eles quem mais fizeram fantasiar os meus fantasmas, sobretudo os mais maqiavélicos, aqueles da minha adolescência, em Mafra, de todos aqueles uniformes vadeando pelas ruas! Por vezes cheguei a desejar que essa minha insalubre sensualidade sofresse de vez em quando insólitas insónias! Dar férias de tempos a tempos ao meu ninfómano “cazzo”!
Claro que adorei ter visitado Veneza, ter visto todos aqueles canais dum espantoso romantismo, aquelas casas que, como num conto de fadas, albergariam a bruxa má e, sobretudo, aqueles gondoleiros, garbosas silhuetas desses malvados gondoleiros que faziam do meu pescoço um saca-rolhas! Cheguei mesmo a pensar comigo mesmo que a próxima vez que viesse a Veneza, trazeria comigo óculos escuros com retrovisor!
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