lundi 12 octobre 2009

Amantes Precisam-se!!!
















O meu único verdadeiro problema em Israel foi o facto de não ser Judeu e por essa razão não tinha direito de viver nesse país que tanto amo! Uma manhã tinha uma carta à minha espera no Hod, do Ministério do Interior, dizendo que eu estava ilegal no país e que tinha três meses para agarrar na minha pessoa e ir morrer longe! Limpei o rabo a essa carta e, meses mais tarde, tinha outra carta do Tribunal de Tel Aviv com uma data para um julgamento que me tinha sido atribuído. Não era apenas uma convocação, era uma ameaça séria! Na dita data apresentei-me nesse tribunal preparado para o pior! O julgamento foi curto mas decisivo! Tinha, uma vez mais, três meses para deixar o país! Quando o Senhor Juiz me leu a sentença, eu atiro-lhe com aquela frase que faria os cabeçalhos de três jornais de Israel! O “Ha’Aretz”, o “Yedi’iot Ha’Acharonot”, e o “Jerusalem-Post”:

- "Nasci em Portugal por acaso, morrerei em Israel por minha própria decisão"!

Isso não me levou longe, pois que alguns meses depois tinha outra convocação para outro julgamento, e a sentença foi idêntica! Apenas a minha resposta ao Senhor Juiz foi outra:

- Se o Senhor Juiz me quer fora de Israel, terá de me agarrar pelos colarinhos, por-me em cima dum barco em Haifa, e eu voltarei a nado!

Ao virar as costas ao Tribunal de Tel Aviv, decidi ignorar as minhas sentenças e continuar a minha vida nesse país que tanto amo, tomando em conta que em Portugal, durante a Segunda Guerra Mundial, mlhares de Judeus tinham-lhes sido dado telhado e um Bilhete de Identidade, porque razão um português não podia viver no país que ele amava! Onde ele tinha vivido a sua juventude! Continuei como se nada se tivesse realmente passado, mas quando uma terceira convocação do Tribunal não me tinha sido endereçada a mim, mas sim à Mrs. Kimche, alguém que eu também muito amava, com sérias ameaças pelo facto dela albergar um indesejável goy, então tive de fazer cruzes na boca e preparar as malas.

Como, no Hod, nessa altura, tínhamos um hóspede inglês, o Saul, que era Judeu, com o qual eu andava a fornicar, que tinha um hotel em Inglaterra, nos subúrbios de Londres que, ao saber do meu problema, me propõe eu ir viver com ele como seu amante e director do seu hotel, pois que ele não tinha a mínima experiência. Ele, uma noite na praia, entre dois beijos, disse-me que o hotel, como o Hod, só tinha trinta quartos, que ele me amava, que queria compartilhar comigo tudo o que tinha, além do seu corpo! Eu, depois de lhe ter feito amor, naquela noite de lua-cheia, à beira-mar, banhados pela branca espuma das ondas que vinham morrer a nossos pés, aceitei a proposta. Porém preveni que primeiro queria fazer uma viagem pela Europa, e que queria passar uns tempos com a minha mãe e a minha família em Portugal. Ele concordou e eu resolvi pôr um anúcio numa revista que costumava receber da Alemanha, uma revista mensal chamada “Hermes”, uma publicação inteiramente “gay”, onde os homens se procuravam uns aos outros para uma correspondência mais ou menos amorosa. Enviei o texto para esse anúncio, assim como uma foto minha, que tinha estado exposta meses na montra do Fotógrafo de Mograbi, e as respostas choveram! Correspondi-me com aqueles que mais me interessaram, incluindo um certo John Hobs e um certo Patrick Shuttlewood. O John, em Londres, o Patrick, nos arredores. Organizei a minha viagem através da Europa, escolhendo a Itália, a França, a Espanha, a Inglaterra, Portugal e a Suiça, como itinerário. Na Suíça, em Geneva, eu queria fazer uma surpresa ao Robin, para ver se ele ainda estava interessado na minha pessoa, pois que as cartas eram poucas! Via-me dividido entre o Saul na Inglaterra e o John em Londres. O Saul era um homem bastante banal, o John? Um Príncipe Encantado! Um homem encantador que me tinha proposto a sua casa, a sua mão, e o resto do seu magnífico corpo, que descobri nas belas fotos suas sobre a praia, que ele me tinha enviado bem agasalhadas num grande envelope bem almofadado...

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