mardi 1 décembre 2009
Esses Famosos Vestidos Pretos
Depois destes meses todos em Paris, na minha medíocre rotina na butique Swan e nas mãos de alguém tão desprezível como o Moshé, decidi tomar as rédeas nas mão e tomar outros trilhos! Aquele anúncio do Hotel Claridge pareceu-me ser a direcção mais indicada a tomar. Como tinha de lá estar entre as dez e o meio-dia, pedi autorização ao Moshé para me ausentar essa manhã, para tratar dum assunto urgente e, depois de ter justificado a coisa como sendo algo relacionado com a minha “Carte de Séjour” a ser tratado no Ministério do Interior, lá fui à carga até ao Claridge. Fui a pé, nas calmas. Até Concorde foram uns minutos, e depois da Concorde até aos Chaps-Élysées não foi muito mais. Dirigi-me à recepção e pedi para falar com o Chefe do Pessoal. Entraram em conacto com ele via telefone e, depois, na companhia dumm bellboy, fui conduzido ao seu escritório. Ele foi-me apresentado como sendo o senhor Taieb, o qual me pediu para me acomodar na sua frente, e a entrevista foi bastante curta. Quando ele viu as minhas referências de Israel e Inglaterra, ele pareceu-me interessado na minha pessoa para preencher essa anunciada vaga. Ficou impressionado com as referências dos hoteis onde tinha trabalhado em Isreal, onde se provava que eu tinha trabalhado como telefonista nocturno no Hod, em Herzelia. As línguas mais importantes a saber eram o Francês, o Inglês, e o Espanhol. Como ele também falava, mas mal, essas línguas, ficou impressionado com a facilidade com que eu as falava. Levou-me à dependência do P.B.X. (o Standerd) e apresentou-me à senhora que chefiava esses serviços. Essa senhora pareceu ter engraçado comigo, pois que logo me aceitou depois de eu ter prestado provas de como trabalhar com o Standard, do meu à vontade, e da fluência com eu falava as requeridas línguas. Voltei a descer com o senhor Taieb até ao seu escritório, e aí ele fez-me assinar um contrato de um ano a ganhar 2.500 francos, sete noites por semana, folgas ao domingo. Dobrei a cópia do meu contrato e enfiei-o na algibeira interior do meu casaco.
Voltei a pé até à Swan. Pelo caminho - como se eu tivesse realmente metido uma lança em África - ia pensando com os meus botões, que o Moshé m’as ia todas pagar e que outro galo cantaria! Chegado lá o Moshé perguntou-me como se tinham passado as coisas e eu respondi-lhe que se tinham passado muito bem, que fora apenas assinar um documento. Ele preparou-se para ir almoçar mas, antes que ele saísse, eu exigi que ele me pagasse os meus 1.200 francos. Ele aconcelhou-me a esquecer esse assunto, que eu é que lhe devia muita coisa! Eu jurei a mim mesmo que ele m’as pagaria todas! Por sorte, nessa tarde, uma americana a rebentar de Dóllars parou em frente da vitrina a olhar insistentemente para aqules famosos vestidos pretos até aos pés, bordados a ouro. Abri a porta e dirigi-me a essa senhora e sugeri que ela podia entrar e provar um desses vestidos. Ela saltou de contentamento e entrou logo. Perguntei-lhe quais as suas medidas e depois mostrei-lhe o guarda vestidos onde havia uma dúzia deles pendurados nos seus cabides. Ela apalpou o tecido, gostou, viu as etiquetas, pegou num e meteu-se na cabine para o ensaiar. Momentos depois ela sai e, mirando-se no alto espelho ali mesmo na sua frente, perguntou-me como é que eu achava? Se lhe ficava bem? Disse-lhe que lhe ficava lindamente, que ela parecia uma raínha! Ela ficou deleitada com a minha apreciação e pediu-me dois deles para ela levar com ela para os Estados Unidos. Meti-lhe esses dois vestidos num saco e cobrei-lhe dois vestidos a 800 francos... 1.600 francos! Ela pagou-me “cash”! Só que essa soma em vez de entrar na caixa do Moshé entrou no meu bolso!
Quando o Moshé regressou, a espevitar os dentes, vendo a senhora com um dos seus sacos na mão, sorriu-se todo por dentro, pois que tinha deduzido que tinhamos feito negócio. A senhora, entretanto, interessou-se por um determinado anel prateado com algumas pequenas pedras, uma de cada cor, e prguntou-me o preço. Disse-lhe que custava apenas 10 francos. Ela ficou encantada, enfiou o anel no seu dedo, esticou o braço para ver como lhe ficava, e perguntou-me:
-Do you think it will get rusty?
Respondi-lhe:
- No, madam! It will not last that long! Besides, the stones will fall out in a couple of days!
A senhora retirou o pechisbeque do dedo, repô-lo na vitrina, e saiu sem dizer uma palavra! Eu virei-me para o Moshé e informei-o que ia almoçar! Ele, fulo, vociferou-me que eu podia ir almoçar e que lhe fizesse o grande favor de nunca mais por os pés na sua loja! Respondi-lhe que o faria com muito gosto! Que o prazer seria todo meu!
E o Moshé nunca mais me pôs os olhos em em cima!
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