dimanche 20 décembre 2009
Saint-Cloud - Rue de la Tourelle
A viagem de regresso passou-se como quase sempre, nessas alturas. Dormitando e ser acordado para uma pequena refeição. Nesses áureos tempos ainda não tinham sido inventados os actuais miseráveis “cachorros” que não mordem nem são mordidos.
Sabia que o Pat tinha deixado a Jules Ferry por se ter sentido demasiado só sem a minha presença. Tinha alugado um pequeno estúdio na Rue de la Tourelle - mesmo em frente do Estádio "Parque des Princes" - e que tinha trazido com ele apenas as suas roupas e alguns cacos. Tendo deixado para trás todos os móveis que eu tinha confecionado. Incluindo aquela maravilhosa cama de casal que eu tinha fabricado com as pranchas que dividiam a sala. O pior de tudo, tal como os desenhos que eu deixara entregue aos cuidados da Dona Maximina, em Lisboa, em 1960, as minhas pinturas eróticas que tinha pintado sobre madeira, tinha-as perdido a jamais!
O seu estúdio era relativamente pequeno. A sala tinha duas janelas que davam para a rua, com o estádio ali mesmo em frente, a alguns metros de distância. Era o único panorama a ser avistado dessas janelas. Haviam dois divãs, um guarda-roupa, uma mesa de casa de janta com quatro cadeiras, uma estante, e uma mesa baixa com um televisor a cavalo. Haviam igualmente uma pequena cozinha, casa de banho, e um pequeno corredor. Ele tinha trazido consigo a Cookie, a nossa gata que tinha sido encontrada - ainda bébé - na piscina do Claridge Hotel, onde eu tinha trabalhado no passado!
Não ficámos lá muito tempo, porque era realmente demasiado pequeno para duas pessoas. Decidimos procurar um apartamento com mais espaço. Encontrámo-lo ali perto, na Avenue Edouard-Vaiilant, mesmo em frente da boca do Metro "Marcel Sembat". Procurámos ainda ver se o nosso belo apartamento na Jules Ferry estava desocupado, mas outra famíllia o tinha tomado. Talvez agora dormindo sobre a minha rica cama de casal, excitando-se com as minhas pinturas eróticas!
A única coisa que recordo claramente desse curto período que vivemos na Rue de la Tourelle foi, quando haviam grandes desafios de futebol. Para não ouvirmos a monotonia dos relatos, tirávamos o som ao televisor e ouvíamos apenas os urros e aplausos dos torcedores das duas equipas em campo, quando marcavam algum golo. Assim como, quando fomos ao estádio ver pessoalmente um encontro entre duas equipas de Rugby – Escócia-França. Quando subi aquela escadaria que me conduzia à bancada onde me iria sentar, ao pôr o pé sobre a plataforma acimentada, marcaram um golo e o estádio veio abaixo com uma clamorosa aclamação. Durante alguns segundos pensei que tinha sido causada pela minha súbita aparição! Ou talvez, quem sabe, do meu regresso a Paris! Sem esquecer, observar o Pat a tricotar um bonito pulôver todo branco para mim, que iria durar muitos anos. Eu e o malvado do pulôver que me chagava até aos joelhos!
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