lundi 7 décembre 2009

Os Dois Grandes Felizardos


Na Jules Ferry o meu frenesim de viver, gozar a vida, o sexo, continuava a ser uma das minhas poucas obsessões! Nas semanas que eu trabalhava da parte da tarde e ficava na cama até mais tarde, depois do Pat ter ido para o O.E.C.D. e deixava a porta no trinco, como habitualmente, algumas dessas manhãs fui acordado por um doce beijo daqueles rosados gordos lábios do meu casado e pai de família, o Hanz! E quando não era o Hanz era o David! Cada vez que eu abria as pernas ou eu as dos outros, não todas as vezes, mas muito frequentemenet, fechava os olhos e dedicava essas entregas ao meu Alberto que dormia lá naquela sua campa rasa naquele silencioso e isolado cemitério de Mafra! A minha promessa continuava bem viva algures dentro de mim: tentar gozar a vida que lhe tinha sido roubada! Mas, bem no fundo, era também a minha vida que eu não queria rasa. Queria-a cheia até às bordas! Custasse o que me custasse! Também porque, dentro de mim uma voz me dizia: é agora ou nunca! Aproveita-me essa vida! Nunca esqueças que ela é curta e um dia tudo se acabará! Goza-a e faz aqueles que te cercam gozá-la também, graças precisamente à tua obsessão de a gozar! Quando vais para a cama com alguém são dois ou mais a gozarem essa vida que é só uma e apenas de passagem! Por essa razão eu nunca parava. Queria sempre chegar ainda mais longe, voar, voar, antes que o tempo me cortasse as asas! Assim, eu e Pat, cada qual por seu lado, gozávamos por conta própria! Demos grandes passeios de carro. Era a nossa vizinha do rés-de-chão que tratava dos nossos gatos. Ela era a irmã do proprietário e era uma rapariga que apreciava as minhas loucuras, e aquelas minhas ganas de viver!

O tempo foi passando. Sempre as mesmas obrigações no Standard, sempre a minha porta no trico para o Hanz e o David entrarem pé ante pé para me acordarem com um beijo. Sempre as compras e os cozinhados. Sempre as jantaradas e as festas à noite para uns copos e uns pés de dança com todos os meus colegas e outros que entravam e saíam quando muito bem lhes apetecia! Por vezes tinha problemas com o vizinho do segundo andar por causa da música alta e da algazarra de dezenas de jovens que tentavam agarrar a vida pelos colarinhos. Para evitar de o incomodar, sempre que fazia uma festa convidava-o mais a sua esposa. Foi o seu filho, um rapazote dos seus dezanove anos, que começou a participar nas farras, mas logo que soavam as doze badaladas da meia-noite, logo papá vinha buscar o pequenino para ir para a cama, aconcelhando-nos a fazermos o mesmo. Depois dessa hora calávamos o gira-discos e falávamos baixo para não acordar ninguém!

A única frustração desses tempos da Jules Ferry foi quando Patricia, uma colega do Pat que tinha regressado para Inglaterra e que vinha de vez em quando passar uns dias connosco. Ela dormia no divã do salão e era, por vezes, um pouco intrusa. Eu, que tinha ido para a cama com uma grande maioria dos colegas, exceptuando o Liam, o Klaus, e o Jim, mas andava a fazer a corte ao Juan, aquele belo latino que trabalhava na recepção e que cuja beleza física me obsecava. Eu jurei seduzi-lo! Ele era casado e tinha um miúdo. Mais uma razão para atiçar o meu desejo! Patrcia também engraçara com ele, era bem evidente! Uma manhã, tal como o Hanz e o David, Juan aparece-me lá em casa com o seu tentador sorriso cheio de beijos ainda nunca dados. Ele não se apercebeu que Patricia estava ainda na cama. Patricia, ao sentir a sua presença, veio juntar-se a nós, talvez com esperança de o seduzir. Porém Juan ignorou-a dos pés à cabeça. Era, aparentemente, para estar comigo que ele tinha descido até Boulogne. Levantei-me e preparei o pequeno almoço para todos. Depois Juan sentou-se no salão e, inesperadamente, abrindo a sua camisa, pondo a nu aqueles peitorais cobertos de negros e espessos pelos, perguntou-me se ele podia tomar um banho. Preparei-lhe um banho. Juan mete-se no seu banho e eu, minutos mais tarde, bato-lhe à porta a perguntar-lhe se ele queria que eu lhe lavasse as costas. A sua resposta foi que eu fizesse como se estivesse na minha casa. Entrei e encontrei aquela obra prima da natureza todo nu, muito branco e peludo dentro da água até ao pescoço. Ele soergueu-se para eu lhe lavar as costas e eu, em vez de lhe lavar as costas, fiz-lhe uma massagem muito suave, muito lenta, muito macia, enfiando-lhe meus ávidos dedos naquela floresta dos seus peitorais, apertando-lhe os seus já tão duros mamilos, quando, entre as suas pernas, algo começou a erguer-se e a deitar a cabeça de fora, mendigando também umas carícias. Perguntei-lhe se eu podia tomar banho com ele e a sua resposta foi a mesma que quando lhe batera à porta: “Faz como se estivesses na tua casa! Quando eu comecei a despir-me, Patricia arromba a porta com murros e urros dizendo que a casa de banho não era só nossa, que ela também precisava de se arranjar! Mas quem ficou bem arranjado fui eu e o Juan, que não chegámos a consumar um acto e um sonho que ambos estávamos mortos por realizar!

A Patricia voltou para Inglaterra mas o Juan nunca mais desceu a Boulogne. Quando passava por ele no hotel ele baixava os olhos e fingia não me ter notado. Muitos, muitos anos mais tarde, ao descobrir o seu número de telefone num já muito velho livro de moradas, telefonei-lhe para ver se ele ainda morava na mesma casa. Foi ele quem respondeu ao telefone. Quando o convidei a dar um salto a Meudon para tomar um copo comigo, a sua resposta foi apenas:

- Trop tard ! Maintenant nous ne sommes que des pauvres petit vieux !

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