dimanche 13 décembre 2009
Noites de Luar Entre as Palmeiras
O mais insólito de todos os acontecimentos desses curtos tempos passados no Laromme, foi, uma tarde, estava eu a tomar um banho de sol todo nu ali por detrás dum velho barco entalado na areia, quando, um beduino que andava acima abaixo com o seu camelo para os turistas tirarem uma foto a cavalo no dito, se aproximou de mim perguntando-me se eu queria tirar uma foto. Recusei, dizendo-lhe que não estava interessado. Ele senta-se a meu lado deixando os seus olhos lamberem libidinosamente a minha nudez. Ele passou a sua áspera mão sobre a minha bronzeada pele e convidou-me a vir tomar um chá com ele na sua tenda, ali mesmo a dois passos, no deserto.
Disse comigo mesmo, porque não? A minha avidez de experimentar novas sensações - viver todas as emoções possíveis nesta vida enquanto se por cá anda - pus o meu bikini e segui-o. O camelo abriu-nos caminho como “alguém” que sabia muito bem o atalho de regresso a casa. Depois de alguns passos perdidos no escaldante saibro, depara-se-me a sua tosca tenda. O primeiro a entrar foi o camelo, a resguardar-se daquele sol abrasador. Seguimos o camelo. Havia, aberta sobre o chão, uma larga manta feita de coloridas tirinhas de algodão enrolado, sobre a qual alguns ananases jaziam inertes. Deitei-me sobre essa manta e aguardei os acontecimentos. Eu não falava Árabe e ele apenas algumas palavras em Hebraico e outras em Inglês, mas nenhumas palavras foram necessárias. Ele tirou o seu turbante, arremassou-o ao chão, desenfiou pela cabeça a sua longa túnica, sob a qual ele estava completamente nu. Que deslumbramento de corpo selvagem! Tisnado, como esculpido em ébano! Atlético e cabeludo, como tanto do meu agrado! Entre as suas virilhas o sol já ia a pino! Não houveram quaisquer preleminares. Galgou-me em cima e, com um pouco de saliva, penetrou-me com uma violência desmedida. Fez o seu trabalho, despejou os seus odres, desceu, limpou-se a um jornal que amachucara entre as suas negras mãos e, atirando-me o meu bikini para que me vestisse, disse, mal e porcamente em Inglês, que tinha gostado muito e que a tenda dele estava sempre às minhas ordens, que estava lá todas as noites depois do sol por!
Dum certo modo eu tinha gozado imenso com aquela rude experiência. Era algo de difrente. Pouco sofisticado, brutal, mas duma infinita poesia! Como o Yves tinha ido passar uns dias a casa dos seus tios em Haifa, eu fui passar algumas noites com o meu beduíno. A tenda dele era ali a dois passos do Laromme. Quando acabava o meu trabalho às onze da noite, ia ao meu quarto, tirava a minha farda, enfiava uns calções e uma T-Shirt, e dava um salto até à sua barraca. Uma dessas vezes passei lá a noite com ele. Nessa noite, mesmo sem nada dizer, as suas mãos passaram sobre o meu corpo com densa ternura, quase amor. Nessa específica noite possuiu-me três vezes utilizando uma espécie de banha, facilitando a penetração, pois que Deus tinha-o generosamente dotado duma sólida membrana. Nunca saberei bem por que razão eu tanto apreciei essa noite quando, enquanto fazíamos amor, o seu camelo ruminava, e os nossos pés davam chutos nas panelas espalhadas pelo chão. Fazia uma divina noite de luar, a tenda estava completamente aberta, e o luar banhava-lhe suavemente aquele seu belo rústico corpo.
Quando o sol começou a despontar ele levantou-se, acendeu uma espécie de fogueira, ferveu um pouco de água numa grande cafeteira de alumínio, e fez-me um delicioso chá de hortelã, estendendo-me uma pita. Depois agarrou no seu camelo e, de palmeira em palmeira, lá foi até à praia ganhar o seu dia. Isto, depois de me ter balbuciado em Inglês: “see you tomorrow”! Vesti-me, fui também à vida, jurando-me que essas noites se repetiriam algumas vezes mais. E foram tantas!
Muitos anos mais tarde, pensando nele e nessas belas orientalizadas noites de escravidão, escrevi-lhe um pequeno poema que viria a publicar num dos meus livros de poemas!
Palmeiras oscilantes
Estrelas cintilantes
Um pôr de sol caprichoso
Ananazes refrescantes
Bananas deslizantes
No meu corpo leitoso.
Um branco passivo
Um negro lascivo
Um hálito libidinoso
Um negro captivo
Um luar abusivo
Um sopro viscoso.
E na cubata entulhada
Uma panela rachada
Uma grande noite de gozo!
Rogério do Carmo
Paris, 12/12/1988
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