vendredi 4 décembre 2009
Rue Jules Ferry - Boulogne
Depois dessa grande surpresa, apanhámos um táxi e fomos até ao hotel. Mal pousámos as malas no quarto, era evidente que Pat se sentiu tentado a entrar na cama comigo para matar saudades dos velhos tempos mas, não sei o que se passou comigo - talvez enfeitiçado pelo corpo do David - o meu "furatudo" não se empertigou. Nunca saberei o que se passou comigo mas a verdade foi que nunca mais, no longo futuro que nos aguardava, fizemos amor. A partir desse dia passaria a ser cada qual sua liberdade total. Senti que Pat ainda me desejava, mas eu, sabe Deus porquê, o seu corpo deixava-me totalmente indiferente! A grande puta que eu era e sempre fui, precisava permanentemente de carne fresca a saltar da brasa!
Depois desse fracasso, apanhámos um Metro e fui-lhe mostrar o Claridge e o meu quarto. Pat ficou impressionado com o hotel e a minha popularidade com o resto do pessoal. Depois mostrei-lhe os Campos Elísios e, após jantarmos na cantina do pessoal do hotel, fui pô-lo ao hotel para ele passar a noite, talvez em claro, ao aperceber-se que ele já não me excitava fisicamente. Claro que não passei a noite com ele e fui a correr para o Claridge meter-me na cama com o David. Curiosamente, tantos anos depois, continuamos juntos, mas o que se passou naquele dia nunca foi verdadeiramente discutido ou explicado. Aceitámos o facto, pura e simplesmente! Do pouco que recordo, penso que continuei a minha rotina sem indagar o que se tinha passado comigo. Bem no fundo eu sabia que a culpa não era minha, mas da minha natureza instável e sempre gulosa de novos corpos, novas paisagens, novos ares, novas vidas!
Entretanto o Pat começou a trabalhar no O.E.C.D. e, para evitar as despesas do hotel, levei-o a visitar os Jacques, os especialistas das duplas penetrações, ali em Boulogne Billancourt, e ele lá ficou uns tempos. O que se passou entre os Jacques e o Pat também nunca foi discutido ou revelado. Era, quanto a mim, o começo duma independência quase total dum e doutro. Sentimentalmente, cada dia que passava, mais profundamente juntos nos sentiamos, mas o sexo foi enterrado algures com um banal epitáfio: “Aqui Jazem Cinco Anos de Maravilhoso Sexo”!
No fundo de mim mesmo gritava uma necessidade imperiosa: O Pat veio para que continuássemos juntos! Para isso precisamos dum apartamento. Numa das vezes que fui jantar e passar o serão com os Jacques e o Pat, ao passar por um Café, entrei para comprar cigarros e, na montra, entre muitos pequenos rudimentares anúncios, um apartamento para alugar ali em Boulogne-Billancourt, na Rue Jules Ferry. Apontei o número de telefone indicado e, no dia seguinte telefonei. O apartamento continuava vago e, assim, no dia seguinte, fomos visitá-lo. O apartamento agradou-nos plenamente! Era um rés-de-chão e havia apenas um quarto de dormidas, uma grande cozinha, uma sala com lareira dividida por umas ripas de madeira de forma a proporcionar também uma casa de jantar do outro lado, onde havia um divã. Havia um longo corredor que desaguava num pequeno quarto com uma porta para o quintal nas traseiras. Não esquecer uma grande casa de banho com porta para a sala e uma varanda que dava para o páteo. Havia também, nesse páteo, uma garagem para um carro. A renda eram 500 francos mas, como ao Pat, como dactilógrafo, na O.E.C.D. lhe tinham proposto um ordenado razoável, assinámos imediatamente o contrato sem quaisquer cauções ou despesas de notários. Nesses tempos as pessoas ainda faziam confiança umas nas outras. Bastou-lhe um mês de renda pago adiantado, sabendo que eu trabalhava no Claridge e o Pat no O.E.C.E!
A casa não era mobilada e fui eu que, engenhoso como sempre fui, arranquei as pranchas de madeira que dividiam a sala, e com elas fiz uma cama de casal com duas mesas de cabeceira incorporadas, uma mesa baixa para o nosso quarto, uma estante-bar para a sala, e mais alguns pequenos móveis. O proprietário trouxe-nos da sua cave uma mesa de casa de jantar e quatro cadeiras, e uma mesa baixa para o salão e quatro cadeirões de madeira para lhe por à volta. Só nos faltava o colchão mas, para isso, Gerda, uma das telefonistas que, entretanto, se tinha tornado uma grande amiga minha, ofereceu-nos o colchão dela, pois que tinha acabado de comprar um colchão novo para ela e o seu companheiro. Pintei todos os altos rodapés da casa toda duma cor arroxeada, e o Pat atapetou as paredes todas com um bonito papel cor de laranja. Assim inventámos para ambos um novo lar em Paris. A única dependência que nunca pintámos, foi a cozinha. Ficou como a encontrámos! Do pequeno quarto ao fim do corredor, mobilámos com uma pequena secretária e uma cadeira que comprámos numa loja ali perto, para fazermos um pequeno escritório. Depois disto tudo feito, pouco a pouco, fomos mobilando e decorando a casa. Certamente a mais bonita que jamais tivémos!
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